setembro 30, 2006

UMA ESTRELA EM MIM

UMA ESTRELA EM MIM

Há uma estrela em mim
Que ilumina a noite calma
Deixa-me viver feliz por aí
Cintilando doçura na alma

Não é um sol qualquer
Que dá luz a meu coração
Ele, me trouxe a mulher
Que comigo vive em perdição

Seus raios são minha vida
E dão calor e bom momento
À Deusa que me é querida
Que ao altar, levei em casamento

Esta estrela não a posso perder
Pois é fonte de minha inspiração
Com ela ficarei enquanto viver
Mais a dona de meu coração

Ela p’ra mim é um poema
Belo e não tristonho
Faz-me da vida, bela cena
Tão perfeita como o sonho

de: fernando ramos
538

setembro 29, 2006

POR TEU AMOR VIVEREI

POR TEU AMOR VIVEREI

Amar, eu quero loucamente
É um desígnio de Deus
Acariciar, e sentir-te docemente
Perder-me entre braços teus

Beijar, beijar ardentemente
Anseiam meus lábios, nos teus
Amar, amar, estupidamente
Confortar-te de desejos meus

Desta paixão posso morrer
Se não sentir amor teu
Deixar isso acontecer
É a ordem, que o Divino deu

Por teu amor viverei
E irás na minha eternidade
Se não me amas, não sei que farei
De ti, morrerei na saudade

De: fernando ramos
537

CRAVO VERMELHO

CRAVO VERMELHO

Hoje ofereci o cravo vermelho
ao mendigo da minha Avenida
perguntou, e pediu um conselho
Se o cravo mudava sua vida

Olhei para ele, e emudeci
Resposta esperava com ansiedade
Disse-lhe que nem não, nem sim
Mas falei-lhe de Liberdade

Ele deu uma gargalhada
E aí, eu não percebi
É que a dele tinha sido roubada
Porque nunca a viu por aí

E ainda me disse mais
Liberdade é não mendigar
É amor, solidariedade, e outros tais
Que a ele não deixavam chegar

Mas ficou com o cravo vermelho
Com a esperança da vida mudar
E se alguém, se vir ao espelho
Aquele rosto irá encontrar

de: fernando ramos
536

setembro 28, 2006

NOBRE E LEAL BOCAGE

NOBRE E LEAL BOCAGE

Regressou da Índia exuberante
O poeta do amor e de fino traje
Lá escreveu, triste vida errante
Que o fez, Nobre e Leal Bocage

Sua Setúbal nunca o esqueceu
E seus amores também não
Destes, muito escreveu
Perfeita poesia de sua razão

Grande mestre de muito saber
E de amores transcendentes
Alguns, veio a perder
Por atitudes inconsequentes

Setúbal e Nicola, perdeu seu poeta
Que amava a ilustre Nação
Recebia do cupido, a seta certa
Presenteando seu coração

E Bocage, ficou na história
Como um poeta maior, de Portugal
Declamava seus poemas em gloria
Não existindo mais, poeta genial

De: fernando ramos
535

setembro 27, 2006

GRANDIOSA FEITICEIRA

GRANDIOSA FEITICEIRA

Vejo o florir da primavera,
Sinto paixões inspiradas
Vão p’ra um jardim, que a rosa lidera
Onde se colhe flores, belas e encantadas

Lá, a feiticeira oferece o mel das luas
Bem próximo da casa dos amores
Juntinho ás arvores quase nuas
À paixão deixei, flores e seus odores

Foi um lapso complicado,
As entreguei a quem não devia
Não estava meu amor esperado
Mas disso, o coração não sabia

Pedi à grandiosa feiticeira
Que desfizesse tal engano
Ela me disse que havia maneira
Se aguardasse p’ra aí, um ano

E foi o que aconteceu
Por outra primavera esperei
Novas flores o coração ofereceu
Ao amor, por quem antes me inspirei

De: fernando ramos
534

setembro 26, 2006

É BOM REVER AMIGOS

É BOM REVER AMIGOS

É bom rever tanto amigo
Sentir muita amizade
O tempo passou, já não consigo
Suportar esta saudade

Hoje, aqui estou convosco
E sinto tanta felicidade
Alguns, que não estão connosco
Talvez na próxima oportunidade

É bom rever, tantos amigos
E ver seus olhos brilhar
Mostram amor, e nenhum perigos
De nossa amizade terminar

Este é um momentos muito feliz
De estarmos com quem gostamos
O encontro, foi Deus que quis
Porque sabe que nos amamos

É bom rever tantos amigos
Que são poesia na nossa vida
Cá estaremos, distribuindo mimos
Quando todos formos de partida

De: fernando ramos
533

setembro 25, 2006

PRECISO DE TE FALAR AMIGO

PRECISO DE TE FALAR AMIGO

Com lágrimas,
percorrendo meu rosto
Busco de um lugar
onde se encontre um amigo
Com ele quero desabafar
meu desespero,
e lhe falar de meu erros,
e das minhas recordações

Contar-lhe o passado,
cujas memórias não encontro
meio de controlar, sendo este
o sinal de minha angústia
Quero falar-lhe dos meus amores,
e desamores de quando jovem
Ou até dos meus pobres
momentos de criança

Preciso de te falar amigo,
dos trilhos por onde andei
e até dos pecados cometidos,
das injustiças que pratiquei
Do descontrole total
de minha vida a dois,
que terminou nesta solidão,
sendo agora, minha companheira

Olho em meu redor,
procuro o amigo de há muito
por mim abandonado,
e esquecido nos caminhos
de minha vida
Quando ele deveria de ser a ancora,
p’ra me aconselhar a parar,
da minha insensatez

Mas sei, que agora
que de ti bem preciso
Estás por ai p’ra me escutares,
e te rires das minhas parvas
loucuras, e asneiras
Obrigado amigo por existires,
e que apesar de eu estar tão longe de ti,
tu afinal, andavas bem perto

de: fernando ramos
531

setembro 23, 2006

LEMBRANÇAS E DESESPERO

LEMBRANÇAS E DESESPERO

Foi embora o Outono,
e não me deixa saudades
Suas noites são frias,
melancólicas, e silenciosas
Junto à lareira, no calor
de sua fornalha, adormeço
preso a um livro de acção,
tão sombrio como a noite

As noites de Outono
não me trazem boas memórias
Foi numa delas, que perdi aquela
que era o meu doce viver
Agora, me resta apenas um livro,
e a brasa da minha lareira,
que não aquece
meu coração cheio de cicatrizes

Por vezes sussurro a Deus,
zangado por sua insensibilidade
que trouxe esta solidão,
que me leva, à absoluta dor
“És tão cruel meu Deus,
porque não me levas
para junto de quem me trazia
a quentura da alma”

Aqui estou só, nestas noites frias
onde rasgo lembranças de desespero
num grito alvoraçado,
que vai em busca da louca paixão
Que se encontra no seu
porto seguro da eternidade,
e me deixa aqui a morrer
de perene saudade

Vivo no sonho, de encontrar
a luz para ir no seu caminho
Meu amor partiu,
e deixou a perplexidade
no fundo de mim,
como uma dança oculta,
que é uma constante
na minha vida

de: fernando ramos
529


setembro 22, 2006

MULHER, A NINFA ADORADA

MULHER, A NINFA ADORADA

A mais bela das mulheres
Vive na nossa alma, é a sua chama
Não é de uns quaisquer
Mas de quem seu coração ama

Tem charme, graça, determinação
Como um poema de deslumbrar
Ao amor, entrega-se em sedução
Para seu homem, a bem amar

O encanta, e tanto o fascina
Levando-o ao louco prazer
É a divina que Deus ilumina
P’ra fazer outra vida acontecer

Ela é como um violino maroto
Que faz bailar tanta fantasia
Entrega-se ao companheiro devoto
Em completa ternura e alegria

É a bela ninfa adorada
De tantos que a querem em união
Deus, a esculpiu com mão de fada
Sendo a sua mais perfeita criação

De: fernando ramos
528

setembro 21, 2006

VAI À LUTA

VAI À LUTA

Ouve, fala-me de ti,
Porque te escondes nesse manto
Tua vida é uma fuga sem fim
Que nos causa algum espanto

Só tens de prestar contas a Deus,
Pouco importa, o que te vão cobrar
Não fujas de pecados teus
Só a ele, os terás de confessar

E se o súbito inesperado te acontece
Quando dramas te passem à frente
Sofres, porque um amor te entristece
E seu coração, o teu não consente

Não corras por um mau sonho
Porque mais tarde irás sofrer
Espera, o amor não é enfadonho
Contigo um dia, ele irá ter

Sei que a vida, é o teu lamento,
E não te tem sido generosa
Mas aparece sempre um momento
Que te deixará de ser caprichosa

Não procures fantasmas negros,
Eles não te perseguem, nem de perto
Guarda num baú, teus maus segredos
E vai à luta, de peito aberto

De: fernando ramos
527

MINHA GUITARRA

MINHA GUITARRA

Meus dedos percorrem, a guitarra
Que chora um fado tristonho
Ao momento, o fadista se agarra
Com dor, que para ele é medonho

Ele canta este difícil lamento
Em sua voz rouca, mas segura
No poema deixa seu alento
roubado da alma, de vida dura

A guitarra vai no timbrezinho
Com outras violas, e violas baixo
Tocam a traição, que está bem pertinho
Deixando o fadista muito embaixo

E naquele ambiente castiço
Minha guitarra chora baixinho
O fadista me agradece sem feitiço
Por tocar aquele fado choradinho

De: fernando ramos
526

setembro 20, 2006

É PRECISO

É PRECISO

É preciso não ter medo
É preciso dizer não
À exploração que começa cedo
E a quem mata nosso irmão

É preciso lutar
É preciso estar atento
A quem nos quer matar
E nos tira o sustento

É preciso desconfiar
É preciso não acreditar
Dos que nos andam a maltratar
E de quem nos quer enganar

É preciso um mundo melhor
É preciso acabar a guerra
Para quem vive na dor
E da fome, sua vida encerra

É preciso amar a vida
É preciso ser solidário
Para tantos que o puder castiga
E é só um simples operário

É preciso dar amor
É preciso ter esperança
Para quem vive no horror
E não tem o sorriso da criança

De: fernando ramos
524

TEJO DA SAUDADE

TEJO DA SAUDADE

Meu Tejo, lindo e precioso
Rio de alegria e felicidade
Nas margens, um povo receoso
Há anos lutava por liberdade

És dos Botes, e das Fragatas
Do Varino, da Falua, e da Canoa
Das correntes, e das marés fartas
Que em amor abraçam Lisboa

Tens nas águas Cacilheiros
Que se esgueiram p’la maré
Trazem trabalhadores guerreiros
Desembarcando no cais Sodré

Tejo do pescador matreiro
E do nosso Navegador herói
Percorres o horizonte costeiro
Ali, onde o futuro se constrói

Ó rio, das boas lusas gentes
Que amam a sua Cidade
Tuas águas levaram valentes
Desaguando em fraternidade

Meu Rio Tejo da Saudade
Caravelas tu viste partir
Com marinheiros de liberdade
P’ra um mundo melhor, descobrir

De: fernando ramos
523

setembro 19, 2006



Vê o sol que passa
Por teu rosto cansado
Vê o coração que sofre
Por um amor que partiu

Vê a lágrima sofrida
Caída na imensidão
Vê a vida que se some
Numa dor sem cura

Vê o mundo que se perde
Numa guerra sem razão
Vê a paz que não acontece
Trazendo tristeza e desilusão

Vê teu irmão que chora
P’lo emprego que perdeu
Vê os povos sem futuro
Pela intolerância do homens

Vê o voar da pomba branca
Buscando felicidade e amor
Vê a criança que brinca
Num jardim em flor

De: Fernando Ramos
521

setembro 18, 2006

LUA CURIOSA

LUA CURIOSA

No universo das nossas noites de vigília,
vemos se abrirem portas na lua nova,
que nos espreita
Lua essa, que traz a calmaria,
de bem amar, e que nos embriaga
com sua cálida luz

Temo-la como testemunha,
dos abraços, dos ais,
e dos nossos murmúrios nocturnos
Ela nos observa no seu céu
de tantos encantos,
dando brilho a teus cabelos
como se estrelas douradas fossem
Eles que se movem sobre meu peito,
onde os acaricio

E por tuas costas faço deslizar suavemente
meus dedos, explorando impunemente
teus segredos, onde subtilmente
entramos num jogo de prazer sublime
que nos deixa um dentro do outro
E a nossa lua curiosa de absoluta
e rara beleza, colhe o mel do nosso gozo,
como um poema cristalino,
que é pura declaração de vida,
de esperança e de amor

Silenciosamente em meu corpo
deixas beijos que me fascinam,
fazendo desejar-te cada vez mais,
e que entendes bem no fundo de ti
E a lua, lá está parindo claridade
com seu brilho fascinante,
como que, a sorrir para nós

de: fernando ramos
520

SE A ROSA...

SE A ROSA...

Se a rosa não envelhece
Meu amor por ti, também não
O coração, do teu padece
E te deseja sem ilusão

Se a rosa não viver
Deito lágrimas no momento
Teu amor vou perder
Esta vida, eu lamento

Se a rosa chorar
Sofrerei sem pudor
Mas eu não vou deixar
Cair lágrimas ao amor

Se a rosa sonhar
Tenho no peito uma paixão
Que por ti está arfar
Querendo só teu coração

Se a rosa por mim for beijada
Muita ternura vais ter
És uma mulher desejada
P’lo meu ser, que te vai querer

de: fernando ramos
519

setembro 17, 2006

ADVINHAR O AMOR

ADVINHAR O AMOR

(soneto)

Quase sempre se advinha o amor
Pelo sorriso, e até pelo olhar
São tempos de enorme esplendor
Deles, nos queremos regalar

Então, sentimos o coração
Serpenteando apressadamente
Num bom caminho de ilusão
Fazendo-nos amar estupidamente

E nossos sentidos vão perceber
A nossa alma que ficou tatuada
Do sorriso, que nunca vamos esquecer

Ele, nos ligará em exuberância
Numa uma longa vida amada
Que quereremos em abundância

De: fernando ramos
518

SAUDADE DA PARTIDA

SAUDADE DA PARTIDA

Saudade, palavra triste e exótica
A sinto com emoção e beleza
Recorda minha vida caótica
De um tempo tido, em dureza

Saudade, fica gravada na vida
Quando a despedida chega
De alguém que foi de partida,
Que meu coração aconchega

Saudade, foi o que restou
Depois dessa partida precoce
Minha tristeza ai começou,
Meu peito dela, tomou posse

Saudade, irá acabar
E minha nostalgia também
Porque quem partiu vai chegar,
E meu coração fica bem

De: fernando ramos
517

setembro 16, 2006

FADISTA APAIXONADA

FADISTA APAIXONADA

Arrasta a voz com emoção
Nas difíceis palavras de clamor
Bem choradas no silêncio do coração
Tão cruas, e vestidas em rigor

Sua rouquidão atravessa a madrugada
E nos ombros ajeita seu xaile de cetim
Uma mágoa, p’ra ela vai destinada
Num fado, de memórias sem fim

E no absoluto silêncio de cumplicidade
Escuta-se a fadista que rói a saudade
Aquele fado murmura sua verdade
Da separação ocorrida na cidade

Naquela casa, ouvem seu grito
Sumindo na voz de infelicidade
Na mesa, alguém se sente aflito
P’lo sentimento de tanta intensidade

Ela canta, e sua tristeza engrandece
E a guitarra sofrida a quer acarinhar
Buscando amor, p’ra quem tanto padece
De paixão, que do peito se foi desalojar

Suas lágrimas, são pétalas de flores
Que caem naquele rosto apaixonado
Perdeu um amor, de muitos mil sabores
Deixou seu coração, muito despedaçado

E no poema, que canta em esplendor
Está branda nostalgia do momento
Por ter perdido seu grande amor
Que agora, só lhe traz sofrimento

De: fernando ramos
515

setembro 15, 2006

RUGIDO DE ENCANTO

RUGIDO DE ENCANTO

A leoa, anda bela e vigorante
Vagueando entre capim e folhagem
Seduz seu macho possante
Satisfazendo ali, sua libertinagem

Inquietos, cumprindo seu cio
Os animais se unem como amantes
Dá-lhes prazer cómodo e sem frio
Que várias vezes, os deixam ofegantes

E em rugidos de grande encanto
Se entregam, há animalesca vontade
Os leões, seu mel saboreiam tanto
No gozo total de sua intimidade

Nesses dias irrequietos, de sem medo
Nada os fazem parar na sua postura
Satisfazendo-se de um prazer soberbo
Onde rugem por gozar tanta doçura

Acabando prostrados na relva
Termina ali, sua total ternura
Continuando seus destinos p’la selva
Até outro cio, p’ra nova loucura

De: fernando ramos
514

setembro 14, 2006

MUNDO ENTRE PORTAS

MUNDO ENTRE PORTAS

Entre nós, existe um mundo
Onde portas se fecham, e abrem
Por lá, se vai vivendo ao segundo
Tantos seu futuro não sabem

Vai-se morrendo sem dó nem piedade
Nesse mundo de parco viver
Alguns entregam por caridade
O pão, que uns poucos vão comer

Lá, por vezes não é importante
Saber qual amanhã que vai chegar
Ele virá triste e desconfortante
Até um final que não é possível adiar

Quem vive nesse mundo entre portas
Que para muitos estão abertas ou fechadas
Suas esperanças, dentro delas estão mortas
E suas curtas vidas desencontradas

O povo, que desse mundo não pode sair
Resta-lhes apenas um sonho preciso
P’ro infinito, rapidamente querem partir
Onde Deus os espera, em seu Santo Paraíso

De: fernando ramos
513

MEU VIOLÃO

MEU VIOLÃO

Toco o meu violão,
com prazer e fantasia
Suas cordas, deslizam por minha mão
valsando notas, de esperança e alegria
Vai comigo p’ra todo lado,
dele nunca me vou separar
Componho musicas de algum pecado,
que delas alguém vai gostar

Este violão é a minha vida,
nunca o vou querer perder
Tomei uma atitude decidida,
que só o deixo quando morrer
Meu violão, meu grande amor,
se vais embora eu vou sofrer
Nunca me causes tal dor,
de ti não quero padecer

Tu és o meu doce enlevo,
que me fazes arfar, arfar
Teus acordes me mantém sereno
com vontade de te acompanhar
Fazes de mim um virtuoso
e por tuas notas ando a vaguear
Tocas um chorinho carinhoso
P’ra nossas vidas deslumbrar

de: fernando ramos
511

setembro 13, 2006

SEDE DE DEUS

SEDE DE DEUS

Vivi na longa escuridão
E p’lo Divino fui iluminado
Comigo morava a solidão
Agora de fé, estou tocado
Ele mostrou-me, o que não queria ver
E fiquei deveras preocupado
Por tanto tempo andar a perder
Sem seu amor, agora encontrado

Neste meu brando despertar
Minha vida totalmente mudou
A luz que minha alma veio habitar
Faz-me revelar, que só não estou
Agradeço ao Altíssimo Deus
Por tanta bondade sua
Amo outros irmãos meus
E a escuridão, em mim recua

Agora, sou escravo da alegria
E p’ra um futuro despertei
Terminou minha agonia
Em solidão não mais viverei
Na minha busca de verdade
A sede de Deus fui encontrar
A ele, devo minha liberdade
P’ra sempre o irei amar

De: fernando ramos
510

SOMOS FILHOS DE OPERÁRIOS

SOMOS FILHOS DE OPERÁRIOS

Somos filhos de operários, sentimos orgulho
Comeram o pão que o diabo amassou
Toda a vida labutaram bem no duro
Até à velhice, que infelizmente terminou

Estes operários que filhos criaram
São meus pais de absoluto amor
Por nós muito se sacrificaram
Dando-nos o pão do seu labor

Recordo-os, na incomensurável saudade
E seu amor p’ra nós, é a voz de Deus
Deixaram em meu coração sua bondade
Como a todos outros, irmãos meus

Seus exemplos, é nossa esperança
E um dia, os voltaremos abraçar
No céu, Deus lhes oferece a bonança
Que a vida cá, não lhes soube dar

Foram operários, toda sua vida
Com prazer, honra, e gratidão
Deram-nos tudo, até à sua partida
Herdámos um mar de amor, no coração

de: fernando ramos
509

ESPELHO SEM DÓ

ESPELHO SEM DÓ

Estás sentada, tens na tua frente o espelho
Olhas o rosto, e reparas em tuas rugas,
e pensas:
Como o tempo passou meu Deus!
E notas que ruga após ruga
há nelas histórias de tua vida,
que estão escritas num livro
onde diariamente deixas
lá momentos vencedores e vencidos,
até, o inicio de vida a dois lá está

Um grande amor te aconteceu
e contigo vive até hoje,
apesar de já ter passado alguns anos
Anos que foram de muitos altos e baixos,
anos que trazem lembranças de bons,
e menos bons registos
Olhas p’ro lado desse espelho
e vês fotos de quando eras muito mais nova
Uma lágrima cai no teu infinito,
e vem com uma leve brisa de tristeza

De repente, te lembras dos filhos, ai sorris...
Sentes saudades das suas meninices,
ou quando em bebés te sugavam os seios,
na sua sofreguidão de viver ,
oferecendo-te um feliz natal à vida
Isso por momentos te conforta,
mas novamente a tristeza surge em teu rosto
Outra ruga que teimosamente se vinca
na tua pele, traz outras recordações
menos positivas, como quando foi a saída
dos filhos do teu lar, porque também eles
encontraram o seu grande amor

Outra lágrima acontece, mas esta não chega
ao teu infinito diário de recordações
Porque apesar de estares menos jovem,
contigo ainda está o amor de tua vida,
que o preservas como um acto de posse
Esse, que ainda te preenche as noites
E te as torna sempre doces, nem
que seja só para te aconchegares a ele
e sentires seu calor, o seu respirar

Ou então, com um sorriso
lembras-te que na morna luz da tarde,
com ele passeias todos os dias p’lo vosso
jardim, onde tantas, e tantas vezes se amaram,
como um poema de Florbela Espanca
Maldito espelho sem dó,
pensas:
Porque me envelheces?
E outra lágrima cai
no teu infinito de lembranças

De: fernando ramos
508

A LUA E AS MADRUGADAS

A LUA E AS MADRUGADAS
(soneto)

Vejo o raiar da lua
Ao nascer da escuridão bela
A noite é minha, é tua
Da lua, todos gostamos dela

É, alegria das madrugadas
Nelas definimos juras de amor
A lua, e elas são felizardas
Assistem ao nosso esplendor

Temos a lua no coração
E as madrugadas no sentimento
Quando a olhamos, sentimos emoção

Que perpetuamos o acontecimento
A lua será o nosso aconchego
As madrugadas, o desassossego

De: Fernando Ramos
507

setembro 11, 2006

TEU SORRISO, MEU FAROL

TEU SORRISO, O MEU FAROL

Longas são as horas,
os dias, e até os anos
Mas neste percurso de tempo,
teu sorriso enche minha alma
Ele, é envolvido numa auréola,
que sem esforço e dedicação
me embebeda de prazer
Sinto um mundo brilhante
nesse teu sorriso,
onde só de o olhar,
construo meu caminho
num mimo perfeito e sem dor

Nele, apenas procuro o fácil
e o rápido de alcançar,
o sabor da vida
Aquele sabor que nos deixa feliz
por ter esse sorriso, livre de más
vontades e de rancor
Pobres aqueles, que não sonham
sequer com um sorriso desses,
que é para sempre meu,
o meu farol

Ele me indica o caminho certo
do teu bom porto,
onde irei ancorar
E me fará sempre ir mais além,
em busca da felicidade a teu lado,
que se vai cimentando no teu
exuberante sorriso

de: fernando ramos
503

setembro 10, 2006

O ESTORNINHO

O ESTORNINHO

Ando por aqui perdida
Não encontro meu poleiro
Sou ave, em busca de comida
Ainda sofro um tiro certeiro

Vou de galho em galho
Procurando meu conforto
Assim um caçador baralho
Senão ainda apareço morto

E neste meu voar baixinho,
Minha vida é de perigos sem fim
Sou um Estorninho pequenino
Que voa, voa, voa por ai

Quero construir meu ninho
Bem juntinho ao mar
Lá, a brisa vem de mansinho,
E não virá ninguém me caçar

Ali morarei, e irei viver,
Mais tempo que o normal
Por lá arranjarei de comer,
E nenhum tiro me será fatal

de: fernando ramos
501

setembro 08, 2006

SANTA UNÇÃO

SANTA UNÇÃO

Neste meu momento final
Vejo a luz bem pertinho
É Deus que dá o sinal
indicando-me seu caminho

Preso à vida ainda estou
Aguardando a Santa Unção
Murmúrios meus lábios rezou
Por minha pena, e perdão

Ouço trinados celestiais
Numa guitarra vadia
Chorando lágrimas mortais
De um fado que ela gemia

Os Anjos me estão a chamar
E no Evangelho está na hora
Meu coração vai parar
Num paraíso que adora

Neste momento da partida
Eu me entrego ao Criador
A alma, do corpo está de saída
Num um último suspiro sem dor

E no céu de felicidade
Encontro Deus e sua razão
Os Santos em liberdade
Me deram a Santa Unção

de: fernando ramos
500

PRIMAVERAS FRESCAS

PRIMAVERAS FRESCAS

A primavera nas estações aparece
Num suave jardim silvestre
Onde o florir acontece
Na bonita magia campestre

E nuvens, se vão sumindo no tempo
Com primaveras frescas de rosas mil
Que brotam fragrâncias ao vento
Nas chuvas de Março e Abril

Bem hajam jardins floridos
Compostos de tantas flores
Oferecidas a corações coloridos
Repletos de puros amores

A primavera é sinal da vida
Causa-nos algum bem estar
É como a paixão sentida
Nascida para quem vai amar

Ela tem o Verão há porta
Que de mansinho deixará entrar
Nele a primavera se conforta
No seu calorzinho de abrasar

De: fernando ramos
499

setembro 06, 2006

O VELHO DA CALÇADA DE ALFAMA

O VELHO DA CALÇADA DE ALFAMA

Num passo lento e seguro
A calçada é subida com magia
Por um homem velho, mas duro
Que nela vai sem nostalgia

Aquela calçada de algum engano
Onde o tempo, é o seu dono
Ao velho causam-lhe dano
Na subida que o leva ao trono

E dia após dia, o ritual é cumprido
Num cansaço que não desaparece
E naquele absurdo silêncio sumido
O velho de Alfama, não esmorece

No seu caminhar de absoluta beleza
O homem velho, sonatas de amor oferece
Aos novos que o olham com subtileza
Na calçada onde o sonho não padece

E ele, por ali acima vai
Conhecendo cada pedra da calçada
Uma lágrima do seu rosto, cai
No chão, onde sua vida foi caminhada

de: fernando ramos
498

OS NARCISOS DO NOSSO JARDIM

OS NARCISOS DO NOSSO JARDIM

Olho os Narcisos do nosso jardim,
onde dizias:
Eles são o nosso
puro sentimento de amor,
que nos acompanharão sempre

Há mesma hora do dia,
estou sempre por aqui
desde que meu coração
ficou só, e na espera
que se torna eterna

Aqui, onde planeámos,
beijamo-nos, e nos amámos,
numa mitiga esperança
de vivência comum,
deixadas em eternas juras de amor
tínhamos os lindos Narcisos
Como testemunhas
da nossa ternurenta
paixão sem pecado
Lembro-me em cada pétala
das nossas juras,
das gargalhadas de felicidade,
dos nossos murmúrios
sem dogmas e sem leis

Agora meu coração sangra
por ti, na companhia
dos nossos Narcisos,
deste jardim dos gloriosos
dias que juntos sonhávamos

Hoje, o tempo para mim parou
Partiste com os Anjos
para a glorificação
eterna de Deus
E eu, eu fiquei só, tão só,
até que os Narcisos
já não apresentam
a mesma frescura
O nosso jardim entristeceu

Agora, espreito o horizonte
com uma réstia de esperança,
aguardando que os Anjos
também me levem p’ra junto de ti,
onde te entregarei,
alguns dos nossos lindos Narcisos

de: fernando ramos
497

setembro 05, 2006

TUAS PÁGINAS NÃO LIDAS

TUAS PÁGINAS NÃO LIDAS
(soneto)

Ao ler o livro de teu corpo
Encontro folhas perdidas
Murmúro a revolta num sopro
Por essas páginas não lidas

Leio-as todas no nosso leito
Com o entusiasmo de sempre
Passarei uma, a uma, do mesmo jeito
Quando de paixão te deixo ardente

Nesse teu livro de amor
Eu, o vou ler em fervor
Sentindo tua doce emoção

Como um trampolim de sonhos
Que não traz dias tristonhos
Ao meu pobre e feliz coração

De: fernando ramos
496

GOLPE INFELIZ

GOLPE INFELIZ

Num golpe infeliz e despropositado,
Nesta guerra besta e sem lei
Alguém foi baleado,
E minha fuga não preparei

Na garupa de um cavalo branco,
Fujo montado da raiva e do desespero
Com a crueldade, e ódio, que não é tanto
Desta guerra de exagero

Peço aos guardiões de meu inferno,
Que não falem no destino traçado
Estupidamente matei neste inverno,
Num acto triste e consumado

Sei que me espera a solidão,
Nem o purgatório me salvará
A Deus imploro seu perdão,
Meu espirito jamais matará

E num campo de narcisos brancos,
Quero que meu corpo seja sepultado
Junto de heróis vencidos por uns quantos
Daquele lugar onde me sinto culpado

De: fernando ramos
495

setembro 04, 2006

TEMPOS DE CHUVA

TEMPOS DE CHUVA

O Inverno se aproxima normalmente,
com o continuar da vida
Sempre do mesmo modo naturalmente,
como a onda, que areia chega vencida

São tempos de chuva que aí estão,
seguindo as estações do ano
Depois do Outono, que é seu irmão
chega o Inverno que causa dano

Nós também temos nosso Inverno,
que paulatinamente chega no tempo
Para alguns, por vezes é um inferno
na sua solidão de passo lento

Esses, são os nossos tempos de chuva
que a idade não perdoa
Onde a uns, a vida é mais turva,
porque a miséria a eles, lhes soa

E neste Inverno da vida,
pouco mais resta que esperar
A família, ás vezes não é uma saída
para quem precisa tanto de amar

de: fernando ramos
494


AMO A PÁTRIA

AMO A PÁTRIA

Amo esta pátria que é minha,
é tua, e de tantos outros
que ela acolhe
Ela me dá prazer, desilusão,
dissabores, e por vezes revolta
Mas que fazer...
Amo esta Pátria!
Deus que me explique porquê
este desamor e amor,
se ela é a dor, e o doce
no meu viver
Ela é a minha alma,
que um dia se vai soltar
de meu pobre corpo que fica
Mas a pátria...
A minha pátria,
vai com meu espirito,
e vamos os dois alegremente,
como se fosse um divertimento
de Mozartt

de: fernando ramos
493

setembro 01, 2006

UM NÃO PURO

UM NÃO PURO

Uma nuvem de negro pó,
cobre os raios solares da tarde
Que entra por uma janela só,
onde amarram quem não é cobarde
Ele, lá vive com a esperança,
a sua réstia de liberdade
Que a persegue, e não se cansa,
porque a procura de vontade

Quem o prende são os abutres do terror,
Jogam sua vida num inferno profundo
Obrigando-o a um refugiou de pavor,
com medo que ele fale ao mundo
Está sitiado na sua cidade,
não sai porque lhe espera a morte
Talvez a sua chave de liberdade
e por tudo que sofre, a sua sorte

É indesejado porque diz sua razão,
que não é a do poder instituído
Que lhe rouba, prende e maltrata sem a noção,
De ser a sina dos insatisfeitos de orgulho ferido
Diz que é preciso dizer não, um não puro
ao analfabetismo, à miséria e à justiça perdida
Eles o torturam, e o rodeiam com um muro,
que lhe ocultam o amor, a solidariedade, e a vida

São os esbirros que nada constróem,
nem o saber, a cultura, do teatro, uma cena
São os odiosos que tudo destroem,
só merecem desprezo e pena
E nesta prisão sem lei constituída,
padece um lutador de estigmas impostos
Que ama a vida, e quer a pátria renascida
Para um povo que à luta, estão dispostos

de: fernando ramos
492

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