maio 31, 2006

CELESTE, A FLORISTA

CELESTE, A FLORISTA

Celeste, artista popular,
vende flores no mercado
do bairro de Alvaiade,
onde mora próximo

À noite, prepara seu vestido
e coloca um xaile preto,
tão preto como é a noite
que para ela vai começar,
ali para os lados de Alfama,
onde vai cumprir
seu prazer calado

Lá, numa casa típica
ao som das guitarras,
canta bonitos fados
Onde, a muitos enlaça
com sua voz graciosa ,
que faz sentir a todos
o sabor que o fado tem

E ela canta, canta,
canta fados com muito
amor e emoção
Neles, deixa um sofrimento
conciso onde junta sua solidão
Ela está só, e o fado
é a sua única razão de vida

Celeste, a florista
que tão bem sabe cantar,
por alguns momentos da noite
os outros faz feliz
De dia, bem cedinho
volta para o mercado
para sua vida ganhar

O fado é a sua grande paixão,
que a vai consumindo de amor
À noite a felicidade acontece,
que ela a toma aos bocados
E entre trinados de uma guitarra,
os sentimentos acontecem,
deslumbrando outros,
que sua vida eles desconhecem

E o povo, ama a Celeste
que a faz esquecer
sua triste vida solitária
Ela canta para a alma de todos,
com sua voz serena, bela e certa,
onde se bebe as palavras
escritas pelo poeta

Vai sendo feliz assim,
distribuindo a solidariedade
a vidas que sabe-se lá seus passados
De manhã ao raiar do dia,
lá está Celeste no mercado
vendendo suas lindas flores
de belas fragrâncias a pessoas,
que nem sequer imaginam,
a sua alma vadia de fadista

Celeste, é assim que ama a vida,
e só pede felicidades para todos
que à noite naquela casa castiça
a ouvem cantar a vida como ela é,
nos seus amores e dissabores,
nos seus encontros e desencontros
Celeste, é assim feliz à sua maneira!

de: Fernando ramos
345

maio 30, 2006

FLORES DO MEU BEM AMAR

FLORES DO MEU BEM AMAR

Conheci na Travessa dos Barbadinhos,
ali para os lados da Esperança
Uma negra que levava seus livrinhos,
para dar à sua criança

Ela é uma mãe solteira,
a quem a vida não ajudou
Amou de forma ordeira,
um homem que dela abusou

Hoje sou eu que a amo,
e com ela vou casar
A minha negra a quem chamo,
flor do meu bem amar

Agora à travessa vamos,
recordar nossos encontros
E lá muito nos beijamos,
que de amor ficamos tontos

E ela ali baixinho me diz:
Meu branco bem danado
Ela é a mulher que sempre quis,
para meu coração desatinado

Agora as duas estou amar,
minha negra e sua criança
Elas a mim me vão dar,
uma vida cheia de esperança

Estas duas belas preciosidades,
eu a Deus muito agradeço
Só peço muitas felicidades
para as flores de quem eu pertenço

Fernando ramos
344

maio 29, 2006

PEQUENA PRINCESA

PEQUENA PRINCESA

Como gostava de ser princesa,
calçar sapatinhos de cristal
Viver num castelo com boa mesa,
e receber brinquedos p'lo Natal

Quero brincar agora, que sou menina
e de noite muito sonhar
Engano a fome desde pequenina,
vou levando a vida a trabalhar

Minha idade, é de brincar com bonecas
mas faço casaquinhos muito bonitos
Gostava de beber leite em lindas canecas
e não vender na rua alguns docitos

Não devia sentir a infância perdida,
e ao acordar, ser feliz com a alvorada
Sonhar com o sabor da boa vida,
e não ter a idade adulta penhorada

Adorava ter minha mãe sempre feliz
e comer com meus irmãos pão de centeio
Não passo de uma menina infeliz
cheia de vontade em fugir deste meio

Sou uma criança triste e já adulta
que sofre da ganância que leva ao caos
Queria comer bem, e aprender a ser culta,
não ser explorada por homens maus

Como gostava de brincar apanhada
e de porta em porta não vender soda
Precisava muito de ser amada
e de vestir roupinhas da moda

Era bom poder jogar à bola
e ir ver a praia e o mar
Não devia mais faltar à escola
e da fome, não voltar chorar

Sou filha de um operário Cristão
que finge, que a fome não rói
Sonho com arroz e um pedaço de pão
P'ra enganar meu estômago que dói

Trabalho p'ra miséria não me comer
até sonho com bicicletas de selim já gasto
Nelas vou pedalando a correr
fugindo desta sorte de mau repasto

Levanto-me ao troar das seis em ponto
p’ra mais um dia de pobreza farta
Trabalho de manhã à noite, e já não conto
minhas lágrimas límpidas, cor de prata

Sou uma menina que sonha em ser ave
e voar para o mundo das princesas felizes
Poisar junto de gente, que não sabe
do triste canto das crianças infelizes

de: Fernando Ramos
584

LUAR DA MADRAGOA

LUAR DA MADRAGOA

Ia olhando a noite boa,
E pedidos fazia ao Luar
Queria um amor, já tido na Madragoa
Que hoje não paro de o recordar

Um dia, esse amor encontrei
E foi num Beco, que vi seu olhar
Por ele logo ali me enamorei
Que ainda hoje continuo a gostar

Numa curva do Beco nos amámos
Num torvelinho louco de sentimentos
E também nesse árduo leito deitámos
lágrimas e alguns lamentos

Porque minha paixão foi embora
E na Madragoa, só fiquei
Agora sofro, e meu coração chora
pela mulher que ali muito amei

Hoje na noite, a ando a procurar
E o luar da Madragoa ma trouxe
O meu amor, mais não vou deixar
Porque para mim, ela é um doce

Descobri o seu olhar na Madragoa
E dele não mais me vou separar
Com ela quero toda a noite boa
Com o luar, a ver-nos amar

de: Fernando ramos
331

FILHOS DA RUA

FILHOS DA RUA

São filhos da rua
Mas chamam lhes, os sem abrigo
Tem esta má sorte, que podia ser a tua
Andar nesta vida de algum perigo

Vivem junto da natureza
E alguns, é sem eira nem beira
Sabemos nós com alguma certeza
Que são poucos, que esta vida queira

Todos eles tem muitas histórias
E algumas são bem bonitas, talvez
Mas agora as suas vitórias
É viver um dia de cada vez

Eles não são desgraçados
Nem uns pobres coitadinhos
Alguns vivem esperançados
Que a vida mude, mesmo aos bocadinhos

Para eles, a esperança é uma cedência
Que pediram em tempos à felicidade
Querem, e procuram paciência
Para ultrapassar esta infelicidade

Ser sem Abrigo, até nem bem soa
E alguns, querem novas oportunidades
Só que a moral, já não é boa
Para quem vive assim nas cidades

de: Fernando ramos
328

maio 28, 2006

POBRE E VELHO

POBRE E VELHO

Sou pobre e velho,
dizem que sou um pobre diabo
Serei?
Talvez até tenham razão
Sou um pobre velho
porque a vida assim o quer
Sou pobre de farrapos mas forte,
tão forte como o florir do Jacarandá
Tenho o céu como meu abrigo
Tenho as ruas como meu lar
No inverno,
tenho a fogueira e um chão de cartão
que vai parindo calor
para meu aconchego

Sou um pobre coitado
de coração dilacerado
Sou apenas um pobre velho,
que devia ter a raiva, ódio, e angústia
como companheiros por sentir tanta injustiça
pelo abandono dos velhos
tão pobres e miseráveis como eu,
que vão vagueando na calada da vida
por esta cidade de contrastes
Sou pobre sim, este é o meu destino,
mas relâmpagos de memória me dizem
que se calhar bem o mereço
Deus sabe bem o que faz,
estarei a pagar pecados
de outras vidas passadas?

Sou pobre, pobre de dinheiro e do nada,
que me bate à porta da alma todos os dias
Visto trapos, ando descalço, passo fome,
ando ao frio e à chuva
desfolhando pétalas de solidão sobre mim
Sou pobre e velho, bem sei
Mas sei que dentro desta pobreza
tenho alguma riqueza de sentimentos,
tão rica como as flores são de formosura
Sou pobre e velho, bem sei
Mas sou rico de amor,
de amor pelos outros, por aqueles
que ao passarem por mim,
me olham de soslaio e de indiferença

A esses, dou o amor que empregna
o ar de paixão,
tão forte, como forte é o perfume
dos jardins da minha cidade
Jardins que à noite
são o doce lar deste pobre velho

de: Fernando Ramos
581

maio 27, 2006

MINHA ORAÇÃO

MINHA ORAÇÃO

Rezo a Deus, pelos pecadores
Que vivem em perdição
De Deus, não são pescadores
Das almas que estão na escuridão

Meu pai, perdoai-nos a todos
Pela nossa falta de fé
Nascemos e vivemos em toldos
Que cobre a miséria que vai na ralé

Pela árvore conheces o bom fruto
Que vive dentro do pecado
Separa-o, e torna-o astuto
E que nos tire, deste destino traçado

Ó Deus, dá luz aos homens maus
Para que se dêem com o irmão
São eles que criam o caos
A todos que estão na razão

Na tua infinita bondade
Traz a paz a todos nós
Dá-nos amor e liberdade
Para que não fiquemos sós

Não deixes, beber a dor de teu cálice
A teus filhos de pecado
Perdoa-lhes, porque alguém lhes disse
Que és bom, e lhes dás a verdade

Rezo a ti, meu bom Deus
Pelo pecado imundo
Guarda, os filhos teus
Da desgraça deste mundo

de: Fernando ramos
325

A VIDA NO SEU CARROSSEL

A VIDA NO SEU CARROSSEL

A vida é um carrossel,
dá muitas voltas sobre si mesma
Subindo e descendo num movimento
ondulante, conforme as circunstancias
Precisamente como os cavalos,
carrinhos e outros bonecos em madeira
como há nos carroceis por esse mundo fora
Girando sempre no sentido do destino,
como gira, gira a nossa vida
num estontear,
de sobe e desce permanente
Seguindo sempre o rumo
por Deus traçado, desde o inicio
Que só termina quando faz um click,
porque a respiração ali findou,
acabando a vida nesse preciso momento,
como se o empregado do carrossel
desliga-se a corrente eléctrica,
chegando ali o seu final de viagem
A vida é um carrossel,
que irá perpetuar sempre,
e sempre através dos tempos
Nós só temos de seguir o seu percurso

de: Fernando Ramos
324

maio 26, 2006

PROCURAR NO PARAÍSO

PROCURAR UM PARAÍSO

Se no regresso ao paraíso
Sentires o aroma das flores
É porque ainda é preciso
Passares por belos amores
Se houver um sentimento conciso
Então, oferece beijos de bons sabores

E, se teu amor deles gostar
Não tenhas pressa que não é preciso
Porque cá terás de continuar
Para esse amor não levar sumiço
E nesta vida irás encontrar
Um pedaço desse paraíso

Até poderás procurar
Um paraíso de muitos saberes
E isso fará perpetuar
O teu amor de sentidos prazeres
Numa ilimitada sofreguidão de amar
que se perde na vida até morreres

E voltarás ao tal paraíso
Como um circulo eterno da vida
Lá encontrarás o aroma não mortiço
de uma flor que não esta perdida
Que será ela, que irá dar por isso
Para que o amor seja a paz merecida

de: fernando ramos
318

O FEITIÇO DAS LETRAS

O FEITIÇO DAS LETRAS

Ter prazer através das palavras
que escrevemos em qualquer folha solta,
é como se a magia acontecesse,
e a beleza da poesia chegasse
Como chega o Outono,
depois de um Verão que terminou

Porque os poemas que se escrevem
nessa folha de papel branco,
é como um feitiço de palavras
que se juntam, e nos enchem
a alma de enormes prazeres,
que nos vão saciando
com o simples gozo de escrever

É como se a escrita fosse
dançando com letras no tempo
que nós perdemos com elas
E então construímos palavras,
como dizendo que estamos a olhar a lua,
as estrelas, o mar, os animais,
e sentir o amor, por nós e por todos
Isto faz nascer a inspiração
que acontece nesse preciso momento,
e nos leva a fazer poesia como notas soltas
que se ouvem num piano
tocado por anjos celestiais

Escrever poderá ser tresdobrar o máximo
que a vida nos pode dar,
como o orgasmo que é
o sublime prazer do amor,
Onde dois seres se perdem num rumo
sem sentido que vão caminhando
num universo límpido de desejo
Escrever é amar,
e eu quero sempre amar

de: fernando ramos
317

maio 25, 2006

GOLFINHO BRINCALHÃO

GOLFINHO BRINCALHÃO

Meu golfinho brincalhão
Vais nas marés pela aurora
Dás saltos com precisão
Num mar que te adora

E todos gostamos de te ver
Nesses saltos em mar chão
Até nós os dar, vamos querer
Porque eles bonitos são

Lindo golfinho de bem saltar
Tu, tantos deixas contente
Nós te iremos muito amar
Em mares onde estás presente

És alegria da pequenada
Que ao Zoo, vão ao Domingo
Te vêem próximo da bicharada
que estão lá felizes contigo

Golfinho da nossa paixão
Brinca muito no teu mar
Todos te tem no coração
por isso, te vão sempre recordar

Tens uma alegria imensa
És uma pérola no mundo
Não deixas a nossa vida tensa
E teu amor por nós, é profundo

de: Fernando ramos

313

maio 24, 2006

CAVALEIROS E D. QUIXOTES

CAVALEIROS E D. QUIXOTES

Por vezes sonhamos com Castelos,
monstros, cavaleiros e dragões
Imaginamos lutas terríveis
que nos vai levar a libertar a princesa,
onde um bravo cavaleiro montado
num belo cavalo branco
arrisca a sua própria vida,
numa floresta encantada
em qualquer parte do mundo,
que nós imaginamos

Pensamos que estamos
a lutar ao lado de D. Quixote,
contra moinhos de vento
Como bem pode ser fértil
a nossa imaginação
Ainda bem que o nosso pensamento
tem destas maravilhas do mundo
A nossa vida diária não é bem assim,
a realidade talvez seja bem pior,
ou bem melhor para alguns, quem sabe

Os sonhos querem nos dizer
algumas coisas,
mas dragões, cavaleiros, e D. Quixotes,
todos sabemos que não existem
Hoje há coisas diferente ou bem piores
Não se luta para conquistar a princesa
ou contra moinhos, ou tirar aos ricos
para dar aos pobres
Luta-se pela ganância, desprezo, dinheiro,
que nos vai levar à destruição total

Como eu tenho pena
de não se lutar por princesas,
como eu tenho pena
de não haver D. Quixotes
a lutarem contra moinhos de vento,
como eu tenho pena que não sejamos
todos crianças, e viver no seu mundo

Não se pode voltar para trás e ser criança,
e começar de novo, bem sei
Mas, porque não pensar
que podemos construir um futuro
bem melhor para todos,
é só nós querermos

E nem precisamos de ser
os novos Robim dos Bosques,
basta só ser solidários, dar amor
e distribuir melhor
o que a natureza nos dá,
o resto...
Bom o resto completa-se com
a nossa imaginação

de: Fernando ramos
311

VIVE EM PAZ

VIVE EM PAZ

Vive em paz com o passado
É que para lá já não vais
Se dele ficaste cansado
Foi porque o viveste de mais

Vive em paz com o presente
Que bem difícil ele é
Todos sabem que não estás contente
Nem eu, e muitos outros até

Vive em paz com o futuro
Porque para ti bom será
Dele não faças um muro
Que só dos outros, te separará

Vive em paz com a paciência
Porque a calma, nunca é má de se ter
E viveres assim não é uma ciência
Dizem os idosos no seu saber

Vive em paz com o amor
Que decerto te dará prazer
Assim nunca terás dor
E de bem com ele, poderás viver

de: Fernando ramos
309

maio 23, 2006

A PROVOCAÇÃO DE RITA

A PROVOCAÇÃO DE RITA

Lá vai Rita no seu charmoso andar
Subindo a Calçada da velha cidade
Vai rindo e a cantarolar
Melodias que já são p'ra sua idade

Ela, aos homens muito sorri
Bamboleando seu corpo jeitoso
Alguns até chegam perto de si
Sussurrando piropos, que lhe dão gozo

E Rita lá vai feliz da vida
Vestida com sua blusa de tirileno
Bem apertadinha ela fica
Deixando seu peito belo e sereno

Esta é uma bela provocação
Para homens que a querem amar
Porque muitos querem seu coração
Mas nenhum, o consegue conquistar

Mas um dia... A bela Rita
Por um amor se apaixonou
Ele a deixou aflita
Porque ela nunca o provocou

Esqueceu Rita que aquele seu amor
Era o que devia ser mais provocado
Ela agora sofre de grande dor
Porque com outra, é ele já casado

E Rita ficou sozinha
Porque os homens, todos foram embora
Hoje está só na Calçada, onde caminha
E por um amor de antes, ela chora

de: Fernando ramos
307

MINHA INTUIÇÃO

MINHA INTUIÇÃO

Na minha intuição procuro
momentos de magia e oiro cristalino
Neles encontrarei a donzela do meu futuro
no meio de tempestades em torvelinho

Se meu desejo, aos momentos chegar
Foi a intuição que lá o levou
Ele, por ali nunca vai parar
Porque busca um céu que desejou

P’ra minha intuição cheia de amor
Depressa alguém vou encontrar
Que me irá amar sem dor
Na secreta emoção que farei versar

E poemas para ela assim farei
Com minha intuição que chora
P’lo amor que eu encontrarei
Na boa donzela que me adora

de; Fernando ramos
306

maio 22, 2006

AMAR À CHUVA

AMAR À CHUVA

Vamos nós devagarinho
Num jardim, e ao relento
Felizes estamos no caminho
Em busca de um bom isolamento

A chuva fria cai em redemoinho
Em nossos corpos naquele momento
Que seguem num bom passinho
No jardim, e contra o vento

Se a chuva cair sem parar
Debaixo dela não sairemos
Se p'la noite quiser continuar
Mesmo na chuva nos amaremos

E se de manhã a chuva partir
Dizemo-lhe adeus com alegria
Bons momentos ainda vão vir
No regresso da chuva fria

de: Fernando ramos
300

maio 21, 2006

MEU DESASSOSSEGO

MEU DESASSOSSEGO

Minha vida agora é um desassossego
De permanentes contrastes
Porque isso acontece, não percebo
Se tu sempre bem me tratastes

Agora não consigo compreender
essas tuas atitudes subtis
Mesmo que me venhas oferecer
Belos vestidos de Organdis

Não vale a pena teres ciúmes
Nem fazeres diagnósticos precipitados
Não venhas mais com queixumes
Porque sou só tua, desde que nos deitámos

Esse, foi um momento de grande magia
E também para mim, de muito medo
O que eu desejo é que seja sempre de alegria
Por isso agora, o meu desassossego

de: fernando ramos
292

maio 20, 2006

A PROCISSÃO DA MINHA CIDADE

A PROCISSÃO DA MINHA CIDADE

Vai Cristo no andor
Na procissão da minha cidade
O povo o leva com amor
Suplicando por piedade

Ó Cristo, nosso Senhor
Perdoa-nos desta vida desgraçada
Pede o povo com fervor
Olhando o cortejo na calçada

E Cristo dá seu olhar piedoso
As gentes que reza sua amargura
Vão acenando ao seu Santo bondoso,
Que vai em vestimentas cor púrpura

O povo é fiel à procissão,
Que todos os anos se faz na cidade
Isso, lhes dá força e razão
De amar Cristo na sua bondade

E lá vai ela no seu lento andamento
Nesta cidade de ruas estreitas
O povo chora de arrependimento
E pede cura para as suas maleitas

Vai-se cantando a ladainha,
Enquanto Cristo vai a passar
Nesta cidade, a procissão é rainha,
E muitos, o andor querem levar

E o povo, nas suas janelas deita flores
À procissão que vai muito devagar
Alguns suplicam que lhe tire as dores
Do sofrimento que lhes estão amargurar

E o senhor padre cura
Vai na frente do andor
Benze o povo com água pura
Para que Cristo lhes tire a dor

E as gentes no seu piedoso furor
Suplicam a Cristo o seu perdão
Num arrependimento sem pudor
Para que ele lhes mostre a sua razão

Ó meu Cristo redentor,
Dá-nos saúde e liberdade
Tu és o nosso Salvador,
Desta vida, que não deixa saudade

de: Fernando ramos
291

maio 19, 2006

AMÁLIA, MARÉ DE AMOR

AMALIA, MARÉ DE AMOR

Certo dia, do século passado
Uma fadista nasceu
De Amália, o nome lhe foi dado
E para o fado ela apareceu

E como o cantava bem,
Que até o rouxinol se calava
Ouvindo-a, ele ficava bem,
Que seu cantar, a ela dedicava

Sua voz meiga e açucarada
Era como uma onda de mar chão
Que vai branda na crista salgada
A caminho de nosso coração

Amália, de nossos encantos
Aos Santos ela rezava
Com fados de alguns prantos
Tocados p’la velha guitarra

Tu serás sempre do povo
Como sua eterna namorada
Um fado teu, sabe a pouco
À nossa vida desassossegada

Em Lisboa ela é afamada,
Assim como em todo o lado
Sua voz por tantos é lembrada
P’la magia que dava ao fado

Cantava um fado bonitinho
Tocado por uma bela guitarrada
Ela, o declamava baixinho
E era poesia por muitos amada

E quando sua voz subia em esplendor
Uma brisa suave, no Tejo aparecia
Vinda de uma maré de amor
De um povo que ela merecia

de: Fernando ramos
290

SER POETA É

SER POETA É

Ser poeta,
É ser inventor
Onde frases saem
Ao correr da pena
Elas se vão perdendo
No papel branco,
Em subtis traços
Que vão formando letras
Descrevendo poemas
De impaciente ilusão

Ser poeta,
É ser contador
De factos que a nossa
Imaginação em puro
Desejo embriagante
Vai passando para
Outros, que os querem
Ler, ouvir, e sentir
Em constantes sentimentos
Arraigados num tempo

Ser poeta,
É ser um eterno
Apaixonado ou não, que
Por vezes sofre de emoções
Errantes, que nem sempre
Se fixa numa vida a dois
Que o faz ter um vazio
Que se prolongará
Por toda a existência
De sua nobre poesia

Ser poeta,
É saber ser feliz
Por poder contar a alma
Na inspiração do momento
Ser poeta,
É ser livre,
Saber amar a natureza
Ter o amor, sempre o amor
Gravado na mente que regista
O sentimento na poesia

de: Fernando ramos
289

AMOR FINAL

AMOR FINAL

Esta noite choveu estrelas Brilhantes
Num céu de amores infinitos
Traziam gemidos estonteantes
Em murmúrios, por nós ditos

E elas, em nossas almas sabam
Por um sentimento nada fosco
Tidos em nossos seres que se amam
Numa noite que não terminou tosco

E nossos corpos outra vez se deitaram
Num leito de alguma quentura
Onde muitas vezes já se amaram
Rodeados de odores e alguma doçura

Novamente num louco frenesim,
Gozamos um vaivém sem parar
E cobertos por lençóis de cetim
Ao amor final, depressa fomos chegar

De: fernando ramos
287

maio 18, 2006

SE ME SEDUZIRES

SE ME SEDUZIRES

Se me seduzires devagar
Na minha timidez de sentidos
Decerto que irei lembrar
Dos meus segredos escondidos

Se me seduzires com paixão
Vais ter um amor que reclama
Bons prazeres para ti serão
Desta mulher que te ama

Se me seduzires em caricias
Ficarei louca de prazer
E se forem de tantas malicias
Não saberei o que fazer

Se me seduzires com violência
Não sei bem o que acontecerá
De ti terei mais prudência
E a paixão o tempo levará

Se me seduzires com doçura
Ficarei feliz eternamente
E se, me levares à loucura
Serei tua para sempre

de: fernando ramos
278

SECRETOS MOTIVOS

SECRETOS MOTIVOS

Viajei na tua secreta sedução,
em beijos salpicados de mel
Nela encontrei a redenção,
do teu coração de papel

E nessa escondida atitude,
vi que estavas hesitante
Porque alteraste tua virtude,
quando teríamos um futuro brilhante

Diz-me o motivo da mudança,
e essa magia de viveres em fuga
Se contigo até faria uma festança,
não precisas de ganhar alguma ruga

Ficas aí nesse mistério,
e nesse silêncio de pedra
Não sei qual vai ser o critério,
quando eu for a tua perda

Perco forças, e os sentidos,
por causa desta minha desilusão
Contigo não há mais secretos gemidos,
terminamos aqui nossa relação

de: fernando ramos
276

HOJE MORREU UM HOMEM

HOJE MORREU UM HOMEM

Uma vida se perdeu,
numa despedida brutal
Ele era bom,
se calhar por isso se foi,
dirão alguns
Amigo de todos e de tudo,
mas desapareceu
Paz à sua alma, dirão outros, e é só
Mas não é assim tão simples
Foi uma vida humana que terminou,
e com ela as estações do ano
ficaram mais negras
Quando um homem bom morre,
todos perdem
Porque morrem os bons?
Quando eles desaparecem,
até os animais perdem
Perdem todos neste mundo
de hipocrisia, corrupto,egoísta,
e de assassinos
Deus que o faça voltar rapidamente,
porque o mundo precisa dele
Volta depressa bom amigo,
todos precisamos de ti
Tu eras especial,
e desses já temos muito poucos
Hoje morreu um homem,
e não era um qualquer
Este era dos bons

de: fernando ramos
273

maio 17, 2006

GENTES DE TAPROBANA

GENTES DE TAPROBANA

Em muitos mares naveguei,

E fui aportar a Taprobana
De lá poesia enviei
Que cá se lê, com muita chama

Algumas trovas ali escrevi

Para marinheiros de mau mar
Todas para minha amada li
Agora, as andam a cantar

Lá fui muito feliz,

Com gentes de muitas arte
Para eles poesia fiz
que se canta em qualquer parte

És uma ilha de gente feliz,

Os poetas recebes bem
Taprobana, é como Deus quis
Que a todos os ama também

Taprobana meu amor,

Um dia passaste a Ceilão
És uma ilha de muito sabor
Hoje, e desde então

Siri Lanka, te chamas agora

Porque a história assim o quis
Teu nome é mudado desde outrora
A poesia de lá, é o povo que a diz

de: fernando ramos
268

SOLTEI UMA LÁGRIMA

SOLTEI UMA LÁGRIMA

Soltei uma lágrima,
não é de alegria
nem de tristeza
Caiu no meu mar de ilusões,
agora anda perdida nas ondas

Soltei uma lágrima,
mas não é de mel,
essas só as abelhas nos oferecem
Era de afectos,
que há muito não sinto

Soltei uma lágrima,
e era de ternura
que ficou em tempos passados
em nossos beijos,
agora não sei para onde vai

Soltei uma lágrima,
não era de enganos,
nem de desenganos
À muito que os deixei de ter,
foram com o vento siroco

Soltei uma lágrima,
não era doce,
porque essas deixaram
meus olhos, que hoje
olham o vazio que me encontro

Soltei uma lágrima,
mas esta é brilhante
Será que me encontreie,
poderei voltar a sonhar
e não voltarei andar perdido

De: fernando ramos
267

maio 16, 2006

SEM NADA

SEM NADA

Uma vida de luta
e de trabalho,
é o que nos espera
desde que nascemos
Privilegiados são aqueles
que vem de famílias abastadas
Esses, nada é preciso
para atingir objectivos
tudo lhes vai ter
às mãos com facilidade
Chegando a estragar o bem,
que a vida lhes proporciona
Levando o povo
a dizer por vezes,
que Deus dá nozes
a quem não tem dentes
Agora quando se vem do nada,
quando nada se tem,
tudo é preciso
Quando com luta, trabalho,
e persistência, se consegue
algumas vitórias na vida,
o orgulho é enorme,
e o prazer de ter alcançado
objectivos é sublime
Vida sem luta,
é como um jardim
Onde faltam flores
Assim, sem nada,
quase todos os dias
temos desde que nascemos
O resto,
bem o resto que vem depois,
é que é importante

de: fernando ramos
266

ANDO PERDIDA

ANDO PERDIDA

Perdida,
Perdida estou
Desta minha vida sofrida
De nós, pouco restou
Senão beijos de fugida

Perdida,
Perdida estou
De um amor por ti, falhado
Disseste, e meu coração chorou
Que entre nós tudo tinha acabado

Perdida,
Perdida estou
Das minhas noites de solidão
Foste embora e pouco ficou
Senão de ti, uma curta paixão

Perdida,
Perdida estou
De estar tão só, e bem no fundo
Mas agora minha vida recomeçou,
Procuro outro amor no mundo

De: fernando ramos
265

PERGUNTO

PERGUNTO

Pergunto,
A Deus por meu futuro
O coração diz para ter calma
É que andam a destruir o mundo
E eu terei de salvar a alma

Pergunto,
Aos políticos do meu país
O que vai haver de bom para o povo
Eles a mim nada dizem,
Não esperemos nada de novo

Pergunto,
Às acácias pela primavera
No Outono que está presente
Elas dizem que ainda vem longe
O bom tempo agora ausente

Pergunto,
Ao vento pelo meu amor
Não responde, e me deixa triste
Vento diz-me lá por favor
Senão o coração não resiste

Pergunto,
À morte quando chega
Ela não responde a mim
Ela nunca responde a nós
Aparece um dia por aí

de: fernando ramos
262

maio 15, 2006

DEUS ASSIM PERMITA

DEUS ASSIM PERMITA

Se me deres a liberdade pedida
Não me tires a felicidade de viver
Foi com muita exuberância conseguida
E por isso eu não a devo perder

Se me deres a força de existir
Não me tires a sensatez de pensar
Sem ela não poderei resistir
Aos pecados que a vida me faz dar

Se me deres a oportunidade de vencer
não queiras que eu perca a modéstia
Deus permita que melhor eu possa ser
Mantendo a dignidade que me resta

de: fernando ramos
252

NÃO SOPRAM VENTOS NOVOS

NÃO SOPRAM VENTOS NOVOS

Afinal não sopram ventos novos...
Todos esperamos por eles,
mas ainda não chegaram
São os mesmos ventos que estão soprando
É uma desilusão...
Prometeram-nos novos ventos,
mas os que aí estão parecem
ventos do passado
Mesmos hábitos,
mesmas formas de viver
O salmão continua a correr
para o seu fim como um destino divino
A preguiça mantém-se inalterável
Os pássaros que seguem para sul,
continuam sempre a ir para sul
Tudo segue o mesmo ritmo,
como se um mestre de orquestra
com a sua batuta desse as suas ordens
para o inicio de uma sinfonia
que teima manter-se em cena
É sempre o mesmo caminho de antes
Os ventos não mudaram,
o ciclo de vida mantém-se, nada muda
Meu pobre país,
continua a soprar os mesmos ventos
de outrora, como os velhos ventos
que sopram sempre da mesma forma
Ainda tivemos uma esperança
nas pétalas de um cravo vermelho,
mas parece que não passou disso
Nós desesperamos pela mudança,
por ventos novos que não chegam
São sempre prometidos,
mas nunca chegam
Vento velho por favor
dá lugar aos novos ventos,
deixa-nos encontrar outros caminhos
Chega deste sopro que não nos leva
à mudança e nos sufoca,
vem vento novo

de: fernando ramos
247

ESCUTA CORAÇÃO

ESCUTA CORAÇÃO

Hoje escutei o coração,
Ele não deu boa notícia
Diz para não ter ilusão
Quem amo, é de muita malicia

Na luz dos olhos dele
Entreguei o meu amor
Sei que vou sofrer por ele
E sentir alguma dor

Tanto amo aquela alma
Que é a estrela da minha noite
Meu coração diz para ter calma
Senão me dá um açoite

Nesta sua vida de pecados
Seus lábios não tem cor
Ele atira-me beijos roubados
Que trazem muito sabor

Voltei a escutar meu coração
E não me deu a certeza
Ele diz, e com razão
Para não manter a chama acesa

Vou deixar esta paixão
Ir embora do meu mundo
Meu amor tem a noção
Com ele irei ao fundo

Adeus ó ilusão,
Adeus beijos roubados
Deixa meu coração,
Não receber beijos salgados

de: fernando ramos
243

AMAR SEMPRE

AMAR SEMPRE

Apareces de forma gentil
p'la calada da noite escura
Te deitas de maneira subtil
em nosso lençóis de seda pura

Aí, nossos corpos se amam
num frenesi sem parar
Os corações ficam em chama,
na noite que vai acabar

Amamo-nos loucamente,
numa paixão sem dor
Pedimos aos céus perdidamente,
que não finde este momento de furor

Continuamos num vai-vem amado
p'ra um final que existe
Trocamos murmúrios de pecado
com um orgasmo que não resiste

E docemente nos beijamos
por este belo acto de amor
Logo ali concordamos
o repetir com o mesmo esplendor

de: fernando ramos
241

MULHER DE UM HOMEM SÓ

MULHER DE UM HOMEM SÓ

Ela, entrou no largo da saudade
Bamboleando seu corpo de formosura
Doce é seu andar de bondade
E também aquele olhar de ternura
A todos ela comoveu,
Com sua silhueta de brandas curvas
Naquele dia, que cedo entardeceu
Dela, não nos ficaram imagens turvas

E nós pensámos que era um sonho
De ver ali tanta leveza
Seu olhar não é nada tristonho
Porque ela, é filha da natureza
A todos nos encantava
E felizes ficámos só de a ver
Quando por nós ela passava
Seu perfume nos fazia a querer

Mas, é uma Deusa de tanta beleza
E também de um homem só
P'ra todos é uma tristeza
Ficando ela, de nós, com dó
Mulher linda e tão singela
Deus nela foi tão generoso
Estamos todos doidos por ela
E pelo seu lindo andar jeitoso

de: fernando ramos
235

maio 14, 2006

MÃOS DE FADA

MÃOS DE FADA

E tu irmã, de mãos de fada
Que de mim cuidaste desde cedo
Me viste nascer da minha vida iniciada
Do parto que nossa mãe teve medo

De mim sempre trataste
Em tuas mãos cheias de amor
Com elas me preparaste
Para um futuro sem dor

Minha irmã, com mãos de magia
Delas bebi teu muito saber
Sem ti, não sei o que seria
Se a dor hoje me aparecer

Partiste mais cedo que devias
Me deixaste só nesta vida prolongada
Serei o homem que tu querias
Protegido por tuas mãos de fada

de: fernando ramos
227

UMA FOLHA VAGABUNDA

UMA FOLHA VAGABUNDA

És a folha vagabunda,
Foi a árvore que quis assim
Dá-lhe alegria profunda,
E ela, terá saudades de ti

No vento, andas à deriva
Páras aqui, e ali
Uma brisa minha amiga,
vai-te trazer até a mim

Irás ser muito feliz,
Num passeio de muito viver
Se foi assim que Deus quis,
Deixa a árvore perceber

Vai minha folha amiga,
P'ra tua viagem estonteante
A árvore se sente perdida,
Dá-lhe a esperança embriagante

Essa ela terá,
Se de ti ouvir falar
E uma lágrima derramará,
Até sua folha, p'ra ela voltar

de: fernando Ramos
226

BRINDAR À VIDA

BRINDAR À VIDA

Quando não complicamos,
a vida é um céu azul
Que nos inspira,
e promove uma festa ao coração,
que nos vai enchendo
de felicidade e amor

Ela é feita de laços, afectos,
pequenos gestos e carinhos
Porquê então pensar que nada
de positivo nos acontece,
e que o bom
só está próximo dos outros

Se quisermos não é bem assim,
as oportunidades da vida
também nos caem nas mãos
Só as temos de agarrar,
com a força de quem é vencedor
e não o vencido da batalha

Como se tivessemos a disputar

uma partida de xadrez,
jogando as pedras certas,
nas casas respectivas,
que nos faz dar o cheque mate
à fatalidade

O melhor portanto,
é não nos metermos
por maus atalhos, não complicar,
e brindar ao prazer da vida,
que até poderá ser
com um bom nectar Porto Vintage

de: fernando ramos
530

maio 13, 2006

A ROSA DA NOSSA VIDA

A ROSA DA NOSSA VIDA

Ofereceste-me uma rosa,
Num dia de primavera
Eu a guardo porque é nossa,
E também é, a nossa quimera

Nossos sonhos nela estão,
Guardados num livro de poesia
Nossas vidas, são desde então,
Uma bela sinfonia

Que Deus faça a rosa durar,
Até ao fim das nossas vidas
Porque assim o livro vai ficar,
Com as páginas todas lidas

As pétalas da rosa são,
Pedaços dos nossos desejos
Que as guardo no coração,
Como se fossem nossos beijos

Obrigado pela rosa,
Que me deste com rigor
Ela é mesmo só nossa,
Porque assim quer nosso amor

De: fernando ramos
221

O MUNDO DE MÃE PRETA

O MUNDO DE MÃE PRETA

No bairro há uma lixeira
Onde estão mortos e vivos
Para as crianças é brincadeira,
Mas seus futuros são ali perdidos

Mãe preta vive lá
E sua família também
A lixeira ali é coisa má
Para todos, e para a mãe

Ela vive muito triste
Por ver aquele horror
Se é que Deus existe
Tire todos daquele terror

Vive ali tanta gente
E não se tem bom futuro
Não está lá ninguém contente
Porque ali não é seguro

A lixeira do seu país,
Deve ser a pior do mundo
Toda gente é infeliz
Naquele lugar nauseabundo

Aqui é tudo gente séria
Fala mãe preta no seu juízo
Ninguém acaba, é com a miséria
Diz no seu belo sorriso


Isto não é uma terra de brancos
Disse numa boa gargalhada
Eles lá também não são assim tantos
por isso não tem esta bicharada

As flores ali nem crescem
Porque dava um jardim imundo
O que por ali florescem
São as misérias do mundo

Mãe preta gostava de mudar
Se todos assim quiserem
Mas se ali nada se alterar
É porque os homens querem

Se acabarem com a lixeira A
Deus, todos os dias eu louvo
Tratem mas é de ter maneira
De dar essa alegria ao povo

Mãe preta ainda diz mais:
Os mortos nada têm a perder
Mas as crianças, e seus pais
Não querem aqui morrer

Vamos lá mundo louco
Acabar com esta miséria
De nós não façam mais pouco
Porque pobreza, é coisa séria

de: fernando ramos
215

maio 12, 2006

PRIMEIRA VEZ

PRIMEIRA VEZ

Eu me lembro,
quando ouvi teu nome
no nosso dia,
p'la primeira vez

Eu me lembro,
quando teu olhar
se cruzou com o meu
p'la primeira vez

Eu me lembro,
quando minhas mãos
acariciaram teu rosto
p'la primeira vez

Eu me lembro,
quando senti
o doce sabor de teus lábios
e vi o brilho de teus olhos,
p'la primeira vez

Eu me lembro,
sempre da primeira vez
que é uma recordação
que não se vai
esfumando no tempo

Eu me lembro,
também das nossas
primeiras vezes
Daqueles vezes
que nos olhávamos
e sabíamos o que
nosso coração pedia

Eu me lembro,
sempre da primeira vez
que me amparaste
quando precisei

Agora, apenas resiste
a recordação
das primeiras vezes,
mais nada

Deus quis,
que tu partisses
Acabou a primeira vez
meu amor,
mas fica a primeira vez
que te vi

de: fernando ramos
211

maio 11, 2006

A GAIVOTA E A VARINA

A GAIVOTA E A VARINA

Uma gaivota voa
Num belo dia de primavera
Ela atravessa Lisboa
E a Peixeira por ela espera

Nesta Cidade Alfacinha
Há uma Varina muito airosa
No pregão é a rainha
E também a mais charmosa

A gaivota depressa quer chegar
Porque traz um recadinho
A Nau está atracar
Da Varina, vem o maridinho

Chega a Nau e a Caravela
E o amor da Varina Peixeira
Também, o ouro e a canela
Para toda gente que queira

O povo pode não ter dinheiro
Para estas maravilhas comprar
Mas ele está sempre primeiro
Quando a Nau ao Tejo atracar

E a Peixeira já tem seu amor

E com ele vai amar na boa
A gaivota, vai sem pudor
Pelos céus da linda Lisboa

de: fernando ramos
201

MINHA ALDEIA, MINHA CIDADE

MINHA ALDEIA MINHA CIDADE

Eu não sou da aldeia
É que, nasci na cidade
Mas era uma bela ideia
Ter lá passado a mocidade

Há aldeias bem bonitas
Como há belas cidades
Todas são muito catitas
Nas diversas localidades

O povo, nas suas aldeias
Fazem festas no verão
Come-se lá boas ceias
Em Agosto ao serão

E toca a banda local
Musicas p'ra sonhar
Depois pelo Natal
vão lá todos, o festejar

Nossa aldeia, nosso amor
Nossa cidade, nossa paixão
Convosco está Nosso Senhor
Ambas estão, no nosso coração

de: fernando ramos
199

VOLTA DONZELA

VOLTA DONZELA

Adeus doce Donzela
Que me deixaste amargurado
Partiste para uma ilha bela
E fiquei só com o meu fado
Que para ti o cantarei
O resto da minha vida
Mas por ele não chorarei
Dado que estás de partida

Volta Donzela dessa ilha,
Os poetas por ti chamam
Mais poemas não se perfilha
Porque só a ti eles amam
E, enquanto não chegares
Mais não vão escrever
É melhor, depressa voltares
Para lhes trazeres seu prazer

E tu voltaste Donzela
para os poetas do amor
Ao fado fizeram uma quadra bela
Que eu canto com muito fervor
Donzela minha paixão
Daqui não sais mais
Os poetas têm te no coração
E, eu canto seus fados fatais

de: fenando ramos
198

maio 10, 2006

SOBE PETRÓLEO, SOBE

SOBE PETRÓLEO, SOBE

Sobe petróleo, sobe,
pensas que matas o mundo!
Para onde vais?
Tua subida é galopante,
e todos nós perdemos,
não corras petróleo, pára de subir
Assim levas-nos ao fundo,
tu não vais ao fundo,
mas não vais ter futuro

Sobe petróleo, sobe
Quanto mais rápido subires
mais próximo estás do teu fim
Nós ficamos cá no fundo, é certo,
mas um dia dele iremos sair
Tu irás desaparecer,
e não vamos chorar por ti,
nossas lágrimas
são mais importantes que tu

Sobe petróleo, sobe
Quando chegares o topo,
contempla o teu final,
depois de ti, e para ti, nada vai restar,
mas nós ficamos cá para te consolar
Não por amor a ti,
porque esse é demasiado valioso,
mas tu não

Tu só serves, para te usarmos,
e para nós o amor não se usa,
ele é a nossa respiração,
a nossa tolerância,
a nossa solidariedade
Tu petróleo não és nada disso,
não és assim tão importante
para a nossa vida como julgas

de: fernando ramos
189

OS DEUSES NÃO ESTÃO LOUCOS

OS DEUSES NÃO ESTÃO LOUCOS

Vão saber a novidade,
Das terras dos Deuses do amor
Encontram-se dois artistas de saudade
Um é fadista, o outro, um grande senhor

Amália a nossa fadista,
E Camões o grande escritor
Imaginem o encontro desta artista
Com o poeta do amor

É que Camões, Amália cantava
E a nós nos deslumbrava
Ele, era Violante que amava
O povo, por seus poemas chorava

Fez-se no céu, uma festa celestial
Caldo verde, e jaquinzinhos se comera
Bebeu-se um vinho tinto espiritual
Na tasca onde S. Pedro os recebera

Falaram de Portugal
Das tabuinhas, e das Caravelas
Foram lembranças sem igual
Que os dois tiveram à luz das velas

Bonita aquela festa,
Que de cultura se tratou
Amália cantou Camões
E ele por ela, se apaixonou

Coitada da Violante,
Trocada por Amália, a fadista
Camões disse a ela num instante
Que era só uma paixão de artista

Lindos poemas Amália cantou
Lá na tasca do céu de Deus
S. Pedro até vibrou
Da poesia que Camões escreveu

Os Deuses não estão loucos
Diz o povo na sua mestria
Camões e Amália não são poucos
Para nos darem sua sabedoria

Ó Deuses do infinito ausente
Guardai este tesouro
O povo os vai amar sempre
Em seus corações de ouro

E os dois juntinhos lá estão
Muito bem acompanhados
Fazem festas ao serão
Cantando-se belos fados

De: fernando ramos
192

A NOSSA SELECÇÃO

A NOSSA SELECÇÃO

Hoje joga a nossa selecção
Com uma equipa forte e feroz
Esta é uma boa razão
P’ra ter apoio de todos nós

Vamos todos gritar por ela
Com todo o nosso fervor
Os jogadores gostam de jogar nela
Por isso lhes tem muito amor

Força rapazes do nosso país
Gritamos nós até ficarmos roucos
Ganhem, nem que seja por um triz
e ficaremos todos loucos

As cores da nossa selecção
São as mais lindas do mundo
Os jogadores as sentem no coração,
E por elas, um grande amor profundo

Vamos lá para a vitória
Com os golos que marcarem
Levem o país à glória
P’ra todos de alegria chorarem

Em qualquer estádio que se jogar
Seremos uma equipa sem igual
P’la selecção, irão todos gritar
Muitos vivas a PORTUGAL

De: Fernando Ramos
185

ABANDONO

ABANDONO

Quem é abandonado,
se um dia acontecer
Terá começar de novo,
e é livre sem o querer

É difícill ser idoso e só,
nas ruas de qualquer cidade
Vê-los andar por aí dá dó,
e a isso não se chama liberdade

Abandonados, os idosos são,
e tratados como trapos velhos
Eles apenas pedem pão,
e ainda alguns conselhos

Na rua, alguém não lhes liga,
ao seu passo brando e cansado
Aos velhos ninguém lhes diga,
que são um pesado fardo

Temos de lhes dar muito amor,

e também muitos conselhos
Se um dia tivermos dor,
aí, seremos nós os velhos

de: fernando ramos
181

AMOR SOBERBO

AMOR SOBERBO

Teus olhos verdes e meigos,
da cor de mar chão
Enche de brilho os meus,
e endoidecem meu coração

Esses teus lábios lindos,
são belos como diamantes
Meus beijos neles se perdem,
ficando em cristais cintilantes

Tua beleza me fascina,
nas noites de deslumbramento
Fazem as estrelas brilhantes,
cintilar mais nesse momento

Teu coração de amor soberbo,
que excita meus sentidos
Fazem o meu ter medo
deixando meus sonhos perdidos

de: fernando ramos
168

maio 09, 2006

A MUSA DE CAMÕES

A MUSA DE CAMÕES

Violante, a musa de Camões,
mulher de grande candura
Recebia dele grandes seduções
em poesia de muita ternura

Camões, o grande poeta
p’ra sua musa bem escrevia
Poemas construídos com ética
que a ela, dedicaria

Grande amor teve Camões,
p’la sua querida Violante
Sua epopeia já deram canções,
a trovadores de coração estonteante

Violante gostava de Camões,
que era a sua musa de encantar
P’ra ela escrevia aos serões,
sua poesia de chorar e amar

Que grande mulher aquela,
que ele a queria tanto
Todos diziam ser muito bela,
e p’ra ele era um encanto

Camões sonhava com Violante,
que era casada com o Noronha
Este descobriu num instante,
tornando sua vida tristonha

O Francisco de Noronha,
que era o Conde de Linhar
Tinha para sua vergonha,
Camões, sua mulher roubar

Noronha, o Camões perseguia,
por causa da sua esposa cativante
Porque ele, bonita lírica fazia
à sua querida Violante

Era uma paixão perdida e bela,
que ele sentia com emoção
Seus cantos eram para ela,
mas os escrevia na frustração

Enorme paixão era aquela,
p'la sua enamorada Violante
Sua arte era tão bela,
que a escrevia, p’ra ela, distante

E lá sozinho foi andando,
e nunca a deixou de amar
Nela se inspirou tanto
que hoje nós, andamos a gostar

de: fernando ramos
167

maio 08, 2006

SÓ PALAVRAS

SÓ PALAVRAS

As palavras que trazem beijos,
são palavras de amor
E há palavras que não se dizem
porque essas são de dor

Palavras da tua boca,
são de esperança e ternura
Elas me dizem tudo,
que até me levam à loucura

Teus lábios palavras dizem,
que meus lábios refrescam
Tão belas elas são,
que a meus beijos se prestam

Teus lábios gosto de beijar,
e me dizem palavras doces
A eles vou sempre amar,
como se minha vida fosses

Há palavras que me levam,
a dar a volta ao universo
Mas o sabor dos teus lábios,
na minha imaginação disperso

Palavras tuas que beijo,
quando à noite nos amamos
Essas não se recusam,
entre murmúrios que damos

de: fernando ramos
166

TEU SORRISO

TEU SORRISO

Sei que é difícil,
mas preciso de ver teu sorriso,
nesses lábios que desejo
Quero o ter como presente,
mas tem de ser sincero,
não quero um sorriso falso
Tem de ser original,
daqueles que são de dentro,
e que não enganam
Que transmitem magia, sim magia,
porque não?
Daqueles mesmo de boa fé
Tem de sair do coração
para ser de verdade,
um sorriso contente, dos mais alegres,
para me deixar muito, e muito feliz
Não precisa de ser um dos sorrisos
mais bonitos, mas tem de ser
um sorriso bom
Esses é que são os verdadeiros,
os reais, aqueles que não enganam,
que nos fazem acreditar,
e nossos olhos cintilar,sonhar,
ter esperança, amor
Daqueles que nos levam ás nuvens,
e que nos fazem pensar
que ainda vale a pena,
ver um lindo sorriso
Nem que eu só tenha de viver
só mais um dia,
para ver teu sorriso
Para mim,
sorri sempre meu amor

de: fernando ramos
157

PASSADOS

PASSADOS

Tudo o que já vivi eu recordo,
por isso ando no presente,
lembrando tempos passados
Saudades, esperanças, e pensamentos
que alegram ou entristecem meu caminho

Mesmo quando não estou sozinho,
vou caminhando ao som de uma bela
sinfonia, que em cada passo,
faz vibrar lembranças que já tive
de outroras não muito distantes

algumas coisas que faço, revive
momentos que me traziam
angústias desse tempo
E traça minha vida
futura num firme alento

E das lembranças dos meus
passados, a novo amor me dou
Com o sentido que o mundo,
que é a minha representação,
me faz amar com mais intensidade

Passados todos nós temos,
o importante é olharmos
o futuro com sentido
que a nossa obrigação
foi comprida com o passado

de: fernando ramos
155

MURMÚRIOS NA NOITE

MURMÚRIOS NA NOITE

Ouço a noite, na sua chuva
de estrelas brilhantes,
nos seus plenos barulhos
Os grilos cantam sem parar,
contribuindo para que o silencio
não seja o todo poderoso desta noite

Ao longe, o mar traz a leve brisa
que me refresca,
ouvindo-se uma, ou outra onda
que vai batendo na areia,
marcando seu ritmo,
e a sua presença nesta
noite de lua cheia
Fazendo notar,
que os grilos cantantes
não se encontram sós

Sussurros se ouvem,
de um par de namorados,
que se encontram perto,
quebrando também eles
num tímido jogo de sedução
o silencio que não consegue
perdurar na noite das noites,
que se vai prolongar
até o aparecer da aurora,
que chega com o sol,
virá em todo seu esplendor,
pondo fim,
a esta noite de murmúrios

de: fernando ramos
153

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]