maio 31, 2007

VALE COLORIDO

VALE COLORIDO

No vale florido, vejo a montanha ao longe
Sinto o cheiro das flores, e o voo das aves
Ouço o rio bem perto, correndo p’ra foz
O ar é doce, e desliza vagarosamente
Enchendo-me de caricias perfumadas
Olho o céu, e vejo vagas
De nuvens que correm
P’ra noite que se aproxima no entardecer
E naquele vale de mil prazeres
Penso nos outros
Que estão mais sós do que eu
No seu desencontro com a vida
Vivendo num enorme tédio fatal

E eu, aqui tão bem acompanhado
P’la natureza, aguardando apenas
A passagem deste meu tempo
A porta de meu coração se escâncara
Para receber o sublime prazer
De tudo que me rodeia
Parece um conto de fadas
Este meu presente, mas...

Apenas não passa de um sonho!
Um sonho que terminou
No preciso momento
Que a realidade presente me alerta
Para o mundo em que se vive
Que me retira esta guloseima de bom viver
Pobre mundo...
Que estúpida é a tua incerteza!
O desespero bate forte em muitas vidas
Que não conhecem este meu sonho
do vale colorido,
Nem verseja estas minhas imagens

De: Fernando Ramos
736

ROSTO BRANCO COMO NEVE

ROSTO BRANCO COMO NEVE

Aprecio teu rosto num pergaminho
E como bonito fica o desenhar
Ao olha-lo, vejo-me num caminho
Que um dia, nos irá levar ao altar

Esse rosto, é fino como as açucenas
Que na primavera vão desabrochar
E tão leve como as penas
Dum colibri a despontar

Teu rosto branco como neve
De tanta singeleza sem igual
Em meu coração ele escreve
A sua beleza natural

Ao querer beijá-lo, ouço violinos
Numa orquestra bem afinada
Em acordes místicos e divinos
Gravando-os na alma enamorada

Sua enorme beleza celeste
Que acalenta o meu amar
Traz boa auréola, que veste
O dia, que iremos casar

Faz-me seu fiel escravo
E meus lábios nele pensam
No seu sabor de bom travo
Que p’ra mim é uma benção

Der: Fernando Ramos
735

VENTOS DA PRAIA

VENTOS DA PRAIA

Quero fugir da solidão
Aproveitando os ventos da praia
Eles beijam um mar chão
Indo na crista da onda catraia

Os ventos serão boa companhia
Nas vagas do mar salgado
Seu sopro não me dá nostalgia
E p’la água, sei que é escutado

Deliciam a onda boa
Na esperança que se enamora
No oceano não sopram à toa
Em velas que aguardam a hora

A praia espera por mim
E só o vento me vai lá levar
Chegarei vestido de cetim
Pelas brandas marés, ao raiar

De: Fernando Ramos
734

maio 30, 2007

TRISTEZA QUE PERSEGUE

TRISTEZA QUE PERSEGUE

É infinita a tristeza
Que amarra tanto tormento
Não vai embora sua firmeza
Só a solidão, é seu sustento

Ela faz muito padecer
Na dor que não termina
É companheira de mau viver
Em destinos que desencaminha

Sua voz intima de dor
Deixa a alma em pedaços
Tem a morte como horror
E infernos consumados

Vale a coragem do ser humano
Para voltear tal sofrimento
Vivem, com ela no desengano
Que já não gemem seu lamento

Tristeza, porque persegues
Vais num caminho sem volta
Não vês que só tu consegues
Levares corações à revolta

Um dia chegará teu final
Aí, findará o desassossego
Será um paraíso sem igual
Ninguém sentirá mais medo

De: Fernando Ramos
733

maio 29, 2007

O SOPRO DO VENTO

O SOPRO DO VENDO

Vão embalados no sopro do vento
Buscando um amanhã glorioso
De noite, olham as estrelas ao relento
No seu brilho rebelde e preguiçoso

Os homens, aguardam delas bom sinal
Que ao olhar, leva tempo a chegar
Cintilando as estrelas, cores sem igual
Enfeitando-se ao vento, pró encantar

E nesse precioso deslumbrar
Para eles, lá vêem o futuro almejado
Como poemas de tanto sonhar
Que aguardam um terno olhar

De lindas mulheres de deslumbrar
Que se escondem através duma vidraça
Aguardando com eles, um dia casar
Mesmo que o vento, se desfaça

E, a cor das estrelas passa a ouro
Por tão feliz, e oportuna alegria
Guardando elas, nos corações este tesouro
Que lhes ofertará, longa vida em magia

De: Fernando Ramos
732

BEIJOS GUARDADOS DO BAÚ

BEIJOS GUARDADOS NO BAÚ
(soneto)

Guardo teus beijos num baú
Eles são minha razão de existir
Por vezes vou lá buscar um
Porque me é difícil resistir

São o bem mais precioso
Que me acalenta o coração
Esses beijos de amor gostoso
Que saboreio com emoção

O baú, deles está repleto
E quando lá vou, vou feliz
Roubar um beijo indiscreto

P’ra meu amor calar o desejo
Senão, ficará infeliz
Por teus lábios, que tanto almejo

De: Fernando Ramos
731

DANÇA DA CHUVA

DANÇA DA CHUVA

Cai a chuva, do agreste Inverno
Numa dança de pingos descoordenados
Inundando campos, que é um inferno
P’ra tantos, ficando desatinados

Essas águas impuras até doer
Causam dramas a gente desesperada
Vêem os bens, na corrente desaparecer
Levando-lhes uma vida, na enxurrada

E, esta catástrofe de enlouquecer
Está na mão do homem, como é natural
Ele é o culpado, por tal suceder
Numa vergonhosa atitude irracional

Esta dança, de chuva fria
Traz a companhia do forte vento
Bailando pingos de noite, e dia
Que para a terra, é seu sustento

Na ruidosa tempestade invernosa
Escuta-se o vento a falar à chuva
Pedindo ao tempo sua mão bondosa
Pró sol aparecer, leve como a luva

Nos campos, encharcados de fria água
Que oferecem à vida, um bom seleiro
Vai desaparecendo a triste mágoa
Em corações, onde o tempo é companheiro

De: Fernando Ramos
730

maio 28, 2007

BONITO

BONITO

O bom sentimento, que vem
Do nosso interior
É tão bonito como um sorriso
Ou como o brilhozinho dos olhos
De alguém apaixonado

Tão bonito, como bonito
É o sol que nos ilumina
Até nos momentos menos bons
Ou como aqueles
Pedaços de felicidade
Que nos enchem a alma
Quando somos úteis para alguém
Que por vezes não vai
No bom sentido da vida

Bonito, é olhar o céu
E dar-mos graças a Deus
Por tudo que vai proporcionando
No nosso dia, a dia
Como a saúde, ou a sorte
De termos alguém que
Nos ama, e podemos amar
Ou ter a felicidade de olhar
Um pôr de sol no entardecer

Bonito é gostarmos de viver
De bem com nós próprios,
Gostarmos dos outros
Com a mesma intensidade
Que Deus gosta de nós.

De: Fernando Ramos
729

O REGRESSO DA LUA

O REGRESSO DA LUA
(soneto)

No breu da noite profunda
Entre madrugadas de sono
Surge a sombra vagabunda
Alertar que houve um abandono

Foi a lua das noites boas
Que no firmamento se perdeu
Deixando triste tantas pessoas
Que por ela, um amor conheceu

Naquela triste desilusão
Já mora a velha saudade
Chora-se com elevada emoção

À lua, que de novo voltou
P’ra outras noites de felicidade
A quem o prazer regressou

de: Fernando Ramos
728

VIELA DOS NAMORADOS

VIELA DOS NAMORADOS

Trinai, trinai guitarras velhinhas
Fados da nossa linda cidade
O povo suplica com ansiedade
Perdão de Deus, nas capelinhas

Gargantas de bem cantar
Entoam poemas de vida e amor
Acalentando a saudade, e a dor
Nos peitos sofridos por amar

E na voz generosa dos fadistas
Geme a solidão fértil e bizarra
Que nos acordes da velha guitarra
Trazem lágrimas aos guitarristas

Ouvem-se murmúrios ao coração
Vindos da viela dos namorados
Anunciando o perdão aos bocados
Em fados de saudade e emoção

Cantai, cantai nossos artistas
O perdão, na poesia dos poetas
Inspirada nas descobertas
P’ra deleite dos brilhantes fadistas

Tocai, tocai, noite e dia
Guitarristas do nosso povo
Fadistas cantai, um fado novo
Para almas ávidas de alegria

E na viela dos namorados bairristas
Deus, concedeu perdão em boa hora
O pecado partiu dali p’ra fora
Trinando as guitarras aos fadistas

De: Fernando Ramos
727

O LIVRO

O LIVRO

O livro, é um belo tesouro
Quando lido com excitação
Tem pedaços de puro ouro
Que pró escritor, é paixão

Lê-lo, é um gosto bem aceite
Esgotando-nos de prazer
Rico em frases de lindo enfeite
Compostas de bem saber

É imaginação, e entretenimento
Que se ensaia em bastidores
Dá-nos gozo e conhecimento
Completando nossos valores

O livro bom é comprado
Como tributo ao pensador
É relido, e bem guardado
P’ra deleite do escritor

De: Fernando Ramos
726

FAINA SOLITÁRIA

FAINA SOLITÁRIA

Vai o pescador devagarinho
No rio, onde a vaga passa
Navega num bote pequenino
Nas margens acham graça

O barquinho de madeira
É também seu doce lar
Passa junto duma traineira
Onde o mestre vai-lhe acenar

Das margens vem a pergunta
“Ó mestre p’ra onde vais?”
Olha que o bote a ti se junta
Leva a traineira p’ro cais

Seu bote é muito pobre
Mas rico de bons momentos
O rio, ao pescador sacia a fome
Nele pesca, seus alimentos

E lá vai o bote de mansinho
P’ra a sua pesca diária
Num local bem pertinho
Onde a faina é solitária

De: Fernando Ramos
725

maio 26, 2007

AFRICA DO MEU AMOR

AFRICA DO MEU AMOR

Nos meus tempos de soldado
Procurei a paz dos honestos
Na África do meu amor
Ali na terra vermelha e fértil
Da savana Africana

Nas margens dos rios
De todas as ofertas da natureza,
Os animais buscavam sua presa
A fim de saciarem a fome
Como se ali fosse a única
Parte do mundo onde Deus passou
Deixando um rasto de beleza celestial
Naquelas terras que fazem bater
Mais forte os corações de todos

Por vezes numa aldeia qualquer
Duma terra Africana
Ao som do velho batuque
Meninas de lábios gulosos
E meninos de modos de desejo
Bailavam como se aquela
Fosse a última dança
A dança do resto de suas vidas
Na esperança que a paz,
A paz dos justos,
Voltasse aquele lugar sagrado
Onde os homens são mais irmãos

Tudo isto me encanta
E tudo isto me marcou
Enchendo-me o coração de ternura
Recordando eu hoje,
E sempre com satisfação e orgulho
Esta África do meu amor

de: Fernando Ramos
724

OS PUTOS DE ALVALADE

OS PUTOS DE ALVALADE

Eram, os Índios de bate bola
Jogavam até de madrugada
Enganavam o estômago
E não corriam de cartola
Brincavam descalços na estrada

Outros, não eram índios de bola
E no Vává, falavam de amores
Também jogavam, calçados de sola
Alguns deram poetas, e bons cantores

Os índios, na sua forma desprendida
Chutavam a bola pelos cantos
Num chão batido, com pés em ferida
Parecendo pardais, pois eram tantos

Aqueles putos, do bairro de Alvalade
Jogavam uns com os outros, à bola
Numa irmandade de feliz vontade
Marcavam golos de alta escola

Hoje, os índios, já lá não estão
E como era tão bonito vê-los correr
Nos bolsos, não tinham meio tostão
Mas sim, muita vontade de vencer

Por vezes, num drible de mestre
Alguns saiam de sua pobreza
Os outros, de vida menos agreste
Eram os amigos, na sua tristeza

E na boa vontade de Deus
Os putos, entre eles jogavam
Uns pobres, outros com dinheiros seus
Mas o futebol, a vida a todos ensinava

Estas crianças, leves como a pena
Nestas brincadeiras não se perdia
Em dias e noites, era uma bela cena
Vê-los no bairro jogar, cheios de alegria

De: Fernando Ramos
723

maio 24, 2007

BECO DO BEM SABER

BECO DO BEM SABER

No beco do bem saber
Ivone, leva tristeza no coração
Que de olhos colados ao chão
Murmura pelo seu bem querer
Na pura, e cristalina aflição

No parapeito de sua janela
Está a frescura do alecrim
Todos o cheiram com cautela
Não passe seu amor por ali
Ao encontro da outra, na viela

No Beco, se abrem janelas
P’ra anunciar a procissão
Alguém com flores amarelas
Informa o povo de tal decisão
Decidida p’lo prior, à luz das velas

E para a bendita procissão
O Beco se vai engalanar
Ivone, reza sua consternação
Ao amor, que a anda a enganar
Seu pobre, e infeliz coração

E foi no domingo, à tardinha
A procissão levou o povo p’ra rua
No andor pousa uma andorinha
Que traz a verdade nua e crua
P’ra Ivone que vai à igreja velhinha

E diz, que a da viela está chorosa
Por lhe ter acontecido este drama
Foi enganada de maneira horrorosa
P’lo homem que a levou p’ra cama
Causando-lhe enorme aflição

E naquele afamado bairro de Alfama
Um amor perdido, encontrou a razão
Pois é Ivone, a sua Dama
Que preenche seu doido coração

Na velha igreja, junto ao altar
Lá estava a mentira desgostosa
Chorando a lágrima do perdão
Suplicando nova vida amorosa
Tudo não passava de sua ilusão

E no Beco, se acendeu nova chama
P’ra felicidade de um coração
É Ivone que ele muito ama
Terminando ali, sua confusão

de: Fernando Ramos
723

BOTE DE VELAS QUEBRADAS

BOTE DE VELAS QUEBRADAS

O bote desliza no mar salgado
Nas ondas valiosas como ouro em pó
P’ra um pescador de rosto enrugado
Que olha as redes, fazendo-lhe dó

São tristezas salpicadas de choro
Naquele seu mar, a poente
Ali o peixe é pouco, e não é ouro
Já outras fainas, o deixavam contente

E no seu bote de velas quebradas
O pobre mestre insiste na pescaria
Enclausurado naquele mar talhado
Pede a Deus uma faina de alegria

Embalado p’lo sopro do vento
Vai amaldiçoando sua má pesca
Por isso, Deus não lhe dá alento
Vai ele pecando, à faina que resta

Seu Senhor, o arrependimento não ouve
De seus pecados já cometidos
Não mostrou pena, e Deus soube
Não havendo mais, já tempos idos

De: Fernando Ramos
719

maio 23, 2007

A VIDA ESPANTA-SE

A VIDA ESPANTA-SE
(soneto)

Dão-nos castigos, ásperos, e ferozes
Vem a dor, e o grito da alma
Surge a bomba, em tarde calma
Chora o mundo, o feito dos algozes

O silêncio dos justos é perturbado
A paz estremece, mas não cai
Uma criança, p’ra sua mãe já não vai
A solidariedade e o amor, foi baleado

Foram ordens do chantagista!
Que o homem bomba respeitou
É um acto cobarde, de mau artista

Lá fora... O mundo levanta-se
O terrorismo estúpido não ganhou
A própria vida, espanta-se!

De: Fernando Ramos
718

maio 22, 2007

ESPERANÇA NO AMOR

ESPERANÇA NO AMOR
(soneto)

Olhei p’ra dentro de mim
Vi um torvelinho de sentimentos
Esperando por amor sem fim
Rodeando meus pensamentos

E no céu apareceu um sol
Dizendo p’ra ter esperança
Ele agora é o meu farol
Que me trouxe bonança

Fiz uma espera sem fim
P’lo amor, sem tormentos
E ele, não apareceu por aí

De longe olho p’ra estrela
Lembrando esses momentos
Agora a esperança, nem vê-la

De: Fernando Ramos
717

maio 21, 2007

BUSCANDO O IMPOSSIVEL

BUSCANDO O IMPOSSIVEL

No ambiente que hoje vivemos
Algumas verdades
Se dizem, e comentam-se
Como se fossem o símbolo
Da certeza, e da razão
Mesmo que não seja a verdade crua

Prometem-se perfeitos caminhos
Muito bem asfaltados e rodeados
De beleza, que dá prazer aos olhos
E se um, apenas um
De terra batida e de beira agreste
Nos leve ao paraíso do Divino
Esse não será o melhor,
Para alguns

Busca-se a beleza eterna,
Gastando-se enormes quantias
Mas essa beleza,
É apenas breve e rápida
Tão rápida que nem se dá p’lo tempo
Corre-se atrás do sucesso
A qualquer preço,
Nem que seja aparente
Ou que se consiga à custa de outros
Pisando seus semelhantes
Sem qualquer despudor e respeito

Procura-se ambientes felizes,
Onde prometem a paz,
Descanso total,
E bem estar p'ra sempre
Em países maravilhosos
Mas no fim... São pobres de cultura,
Pão, e justiça

Querem-se amigos, a qualquer custo
Alguns por interesses muito duvidosos,
Mas esses só aparecem
Em locais de glamour
Os verdadeiros amigos, são muito poucos
Contam-se p’los dedos
E um dia, lá estarão na nossa partida

Anseia-se por bons empregos,
Carros, mulheres lindas
Ou homens charmosos,
Objectos valiosos, Mas coitados...
Pobres de valor humano
Procura-se sempre o máximo,
O melhor, o paraíso na terra
Esquecendo-se todos nós
Que o que se busca
Na corrida louca diária
E com tanta ansiedade,
Raramente se consegue,
Ou mesmo, nunca se alcança

de: Fernando Ramos
716

MINHA MÃE MARIA

MINHA MÃE MARIA

Minha mãe Maria
Que meu sangue laças
Estás gravada em meu rosto
Bendita foste a mulher
Que este filho deste à luz
És a mãe abençoada por Deus
E dos meus desejos sonhadores
Agora e sempre, até morrer

De: Fernando Ramos
715

LÁBIOS DO MEU AMOR

LÁBIOS DO MEU AMOR
(soneto)

Estou entregue à saudade
Dos lábios de meu amor
Beijavam-me com voluptuosidade
Enlouquecendo os meus de furor

Partiram, e fiquei só
Perdi seu doce sabor
De mim não tenham dó
Sou culpado, recebo a dor

Eles são tão sensuais
Agora já não são meus
Perdi meus valiosos cristais

Apenas resta-me a lembrança
E ensaio um final adeus
Dos lábios da minha insegurança

De: Fernando Ramos
714

maio 20, 2007

LIRIOS CHARMOSOS

LIRIOS CHARMOSOS

Percorro a estrada, em fadiga
Olhando os lírios na sua beira
Eles são beleza apetecida
Buscando a esperança, que se esgueira

E neste pensamento estonteante
Surge a lágrima em meu rosto
Caindo-me tristeza alucinante
P’ra meu total desgosto

Os lírios não são minha adoração
Nem trazem a colorida redenção
Mas vê-los, alegram-me o coração
Já cansado, velho, e sem ilusão

E no final, da minha vida vencida
Sorriu aos lírios charmosos
Que presentearam alegria sentida
Aos meus caminhos espinhosos

De: Fernando Ramos
712

SEI DE ONDE VIM

SEI DE ONDE VIM

Eu bem sei de onde vim
Mas não saberei p’ra onde parto
Vim dum lugar bonito, sim
Será que irei p’ra um lugar farto?

Sei muito bem de onde vim
Dum pais de grandes senhores
Não julgue que foi por aí
É dum lugar de bons valores

Sou daqui e do mundo
E não do diabo a quatro
Esse, é de desgosto profundo
Onde a vida é um teatro

Meu lugar, é de todo lado
Do mundo, da arte, e da vida
Está no destino escriturado
Até, meu dia da partida

Sabem afinal de onde vim?
Foi escolhido p’lo criador
Minha pátria é esta aqui
Onde nasci de muito amor

De: Fernando Ramos
711

TEU DOCE AMAR

TEU DOCE AMAR

Meu peito é teu ninho
Por ti ousa, tanto arfar
Nele te deitas devagarinho
Como é doce teu amar

Eu tenho um secreto sonho
De contigo um dia viver
Será um engano medonho
Se tal não suceder
Sentirei dor insuportável
Se abandonar este meu querer
Dum amor incomensurável
Que nunca o irei ceder

Meu peito é teu ninho
Por ti ousa, tanto arfar
Nele te deitas devagarinho
Como é doce teu amar

Meu corpo é tua luz
Dizes entre suspiros e beijos
Esse querer tanto me seduz
Numa loucura de desejos
E ouço belas trombetas
Quando estamos bem juntinhos
Nossas noites são notas pretas
Musicando todos os caminhos

Meu peito é teu ninho
Por ti ousa, tanto arfar
Nele te deitas devagarinho
Como é doce teu amar

De: Fernando Ramos
811

maio 18, 2007

A VOLTA DO MENDIGO

A VOLTA DO MENDIGO

Pela rua deserta
O mendigo vai perambulando
Em busca de um refugio
Que o protegerá do frio
E que o confortará,
No fim da sua volta de espinhos
Que o levou p’los
Caminhos habituais

Em sua mão vai a desgraça
Que num abrir e fechar
Deixa-lhe a vida vazia de nada
Ele é o alcoólico
Que a sociedade construiu
E com o passar dos anos,
Se encarregou de o destruir

Numa passada lenta
Vai resmungão
Com a garrafa vazia do néctar
De seu bem estar
Que bem dele precisava
P’rá noite triste e gélida
Pensando, que só o Deus Baco
O poderá ajudar
Daquela boémia secura cruel

Ele já pouco se importa
As mágoas são banhadas
No liquido da maldita garrafa
Agora tristemente vazia
Ó pobre destino
Porque és tão severo
P’ro triste mendigo
Que na sua vida,
Apenas foi, simples servo

de: Fernando Ramos
710

maio 17, 2007

TUA AUSÊNCIA

TUA AUSÊNCIA

Vou observando teus silêncios
Neles vou encontrando
o que procuro
São desejos dos teus perfumes,
Do teu olhar, do teu sorriso,
E dos fins de tarde,
No jardim próximo de nossa casa
Quando olhávamos o escapar do sol
Envolvendo-se no horizonte

Observo teus silêncios
Neles vejo minha alma
Que se vai lambuzando
Em recordações de teu amor,
Que me oferecias nessas tarde
De céu azul e quente,
Tão quente como meu coração
E de todas as verdades,
As nossas verdades

Nesse teu silêncio, que seduz
E me encanta
Revejo a cumplicidade
Num gozo, que era a nossa total paixão
Como se fosse uma tontice adolescente
Como tantas outras
Que por nossos puros momento passaram
Agora, apenas resta teus silêncios
E tua ausência
Que me cortam a saudade empregnada
Das tuas fragrâncias que agora vêem
Das estrelas que me observam,
E eu aqui só
No jardim das nossas verdades
E também da minha tristeza

de: Fernando Ramos
709

maio 16, 2007

708 - JARDIM DE CRAVOS

JARDIM DE CRAVOS

(soneto)

És o sol, e água da vida
Que todos os dias almejo
Abasteces-me a alma sofrida
Que de ti, sente tanto desejo

És um mundo que gira só p’ra mim
E alegria do nosso jardim de cravos
Meu coração, agora vagueia por aí
Bebendo tua ausência aos tragos

És tudo p’ra mim, meu amor
Solta de meu peito, a vil dor
Tua saída, na vida foi um acaso

Sei que desejas com furor
Voltares ao jardim de esplendor
P’ra nos amar-mos, no seu pedaço

De: Fernando Ramos
708

707 - SEREI COMO UM CONDOR LIVRE

SEREI COMO UM CONDOR LIVRE

Serei como um condor livre
Voando de copa em copa
Que no rugido dum tigre
Busca a presa, viva ou morta

Como ele, irei p’los céus
Acenando à vida, e à natureza
Avistarei mulheres cobertas de véus
De guerras que lhes trazem tristeza

Serei assim tão livre
Mas da maldade terei de fugir
Voarei num céu que não obrigue
Desta vida, ter de me despedir

Quero ser como o Condor
Buscando minha liberdade
Num mundo que não haja dor
P’ra não sentir infelicidade

De: Fernando Ramos
707

SAUDADE DE TEUS LÁBIOS

SAUDADE DE TEUS LÁBIOS

Vou de mãos dadas na saudade
Dos teus lindos e meigos lábios
É enorme minha ansiedade
Por seus beijos doces e sábios

Eles eram o meu grato prazer
Que me aqueciam de paixão
Sonho p’ra sempre os ter
Não, não é pura ilusão

Saudade, é a falta que dói
De teus lábios sonhadores
Ao meu coração, ela rói
Causando tantos clamores

São a cor, que só eu vejo
E o ardor de minha vida
Tanto esses lábios desejo
Na delirante esperança florida

De: Fernando Ramos
706

maio 15, 2007

FELIZ AMANDO

FELIZ AMANDO

Vou Sendo feliz amando
A natureza, as crianças
Amando a família, os velhos
Os amigos, a pátria

Amando-te perdidamente
Até o raiar do dia
Que vai acendendo a chama
Da felicidade que chega
Na alvorada em apoteose

Vou sendo feliz amando o mar
Num profundo amar
Onde vou navegando ao vento
Deslizando o meu amor
No sentido do mistério da razão

de: Fernando Ramos
705

SERÁ LEI

SERÁ LEI

Sei bem, que um dia será lei
passear no verde prado
Olhar os lírios na planície
Embelezando exuberantemente
a mãe natureza

Será lei, no Outono pisar
as folhas vadias
nos jardins que calam
minha alma

Será lei, na primavera
passear com meu amor,
e sentir a fragrância marota
das flores silvestres
nas frescas manhãs

Sei bem que tudo isto será lei!

De: Fernando Ramos
704

maio 14, 2007

MALES PERFEITOS

MALES PERFEITOS

Arvores se curvam na idade
Rochas se desgastam pelas ondas
Florestas ardem com o fogo
Nós capitulamos no tempo

É assim o ciclo da vida,
das coisas, da natureza
Até o ar que se respira tem o fim

Se o homem, continuar
Na insensatez,
e na sua falta de vergonha
De não conservar, conservar
Sempre conservar
Terá seu fim rápido

Mas que importa...
Seu egoísmo é mais forte
Então, caminha na penumbra
P’ro túmulo dos chacais
E dos males perfeitos

De: Fernando Ramos
702

maio 13, 2007

A OPERA DA LIBERDADE

A OPERA DA LIBERDADE

Hoje foi a opera de Mozartt
Amanhã o que será?
Vai-se esfumando a minha liberdade,
A tua liberdade!
Querem-nos castrar p’lo terror
Querem-nos emaranhar na teia
Que vai tecendo
O que está acontecer mundo?
Só porque uso a liberdade
De amar nos jardins,
Só porque digo não,
Ao oportunismo, ao sadismo
Ao fascismo, a todos os “ismos”.
À anti cultura
Querem-me controlar?
E a minha liberdade?
A minha religião
O meu amor pela arte,
A independência, e as conquistas
Dos nossos antepassados,
Onde param?
Que se passa mundo!
Só porque somos diferentes,
Temos de ter medo?
Não podemos ceder à chantagem!
Quero a minha opera de Liberdade, já!!!

De: Fernando Ramos
701

maio 12, 2007

INVERNO DE MIL AGUAS

INVERNO DE MIL ÁGUAS

Porque será que a folha cai
quando o Outono chega?
E ao cair da folha,
A nostalgia nos invade
O tempo vagarosamente passa
A tristeza fica nossa companheira
E angustia toma conta de nós
Tornando a vida numa cor bizarra
A solidão torna-se delorosa
Nada há a fazer...

Temos de esperar que o Inverno
Nos entre p’la porta,
E que o crepitar da lenha arder na lareira
Siga seu rumo, entre labaredas
Aquecendo-nos, dos dias frios
Não há mesmo nada a fazer
Senão esperar p’la chegada
Do senhor Inverno de mil águas
E aconchegar-nos
junto da brasa acesa

Sentindo a branda quentura da lenha
E lendo aquele livro há muito guardado
Ou até folhearmos a nossa memória
De outros Invernos tão agrestes
Passados à beira da mesma lareira
Que é o tesouro do nosso quintal
É onde cochichamos segredinhos
Das noites, onde o sono é rei
E as madrugadas a rainha

de: Fernando Ramos
700

maio 11, 2007

AMOR E RAZÃO

AMOR E RAZÃO

Alguém chora sua tristeza
Na raiva que emaranha a dor
É um momento de pura fraqueza
Sente-se enganada no seu amor
Jamais conseguirá perdoar
Uma traição tristemente cometida
Alguém que julgava, sempre amar
À sua paixão, fez-lhe uma partida

Num fado de amor e razão
Sua dor é muito lembrada
Gemem guitarras, esta desilusão
P’la perda da pessoa amada
Hoje, ao divino suplica paixão
Que não há meio de voltar a ter
Seu coração diz sempre que não
E outra desilusão não quer padecer

Vive só, em sofrimento
Num turbilhão de queixumes
Perdoar, é cair no esquecimento
E surgirá dor de dois gumes
Quem traiu não volta mais
Pensa assim seu sentimento
Não voltará a suspirar mais ais
Por quem lhe trouxe tal tormento

de: Fernando Ramos
699

maio 08, 2007

NOITES

NOITES

Minhas noites,
Tem o peso da música,
Que entontece a alma
Ao som de um bolero,
Ou de uma cantata de Bach

Minhas noites,
Tem o caminho de recordações
Que surgem com a lágrima marota,
Que teimosamente não cai
Na imensidão da dor

Minhas noites,
Tem o sentido das palavras
Que escuto,
E me trazem o conhecimento
Ou até daquelas palavras
Nunca ditas,
Mas perfeitamente
Compreendidas num
Olhar cúmplice

Minhas noites,
Tem a tristeza da solidão
Que insiste não ter fim,
E que me persegue
Até as noites terminarem

de: Fernando Ramos
698

maio 07, 2007

VAMOS NAS TUAS ASAS

VAMOS NAS TUAS ASAS

Vai nas tuas asas, filha amada
Nosso coração cansado, e partido
Em voo, p’ra tua nova chegada
No futuro esperado do cúpido

És como um lindo passarinho
Bateste asas, saíste do nosso ninho
Segues sonhos, resta teu carinho
Herdamos a lágrima, caída devagarinho

Teu perfume se exala p’lo ar
Na triste saudade que não tem fim
Nosso oiro encontrou o sonho de amar
Guardamos sua ternura de cetim

Teu lugar será sempre no meio de nós
Teu perfume, nos acompanhará até morrer
Sem ti no lar, estamos tristes e sós
Mas teu amor nos dá força p’ra viver

A saudade, bate forte nestes corações
P’la nossa menina de saborosos miminhos
Recordamos beijos, fortes de emoções
Em nossos rostos repletos de beijinhos

Serás sempre, nossa flor de formosura
E voaremos nas tuas asas, seguramente
Deus te proteja, com seu olhar de doçura
Querida filha, que te amamos eternamente

(para nossa filha)
De: fernando Ramos
697

ROSA DE FORMUSURA

ROSA DE FORMUSURA
(soneto)

Magra, de olhos verdes brilhantes
Pele clara de muita lisura
Homens, sonham serem amantes
Desta linda rosa de formosura

Não resistem a tal encanto
Em noites incandescentes
Seu andar causa espanto
A, olhares felizes e ardentes

Ela sorri, e tanto provoca
Ateando um extraordinário fogo
É mulher que nunca se troca

Devem-na guardar como tesouro
P’ra que não, aconteça um roubo
A quem a tanto quer, como ouro

De; Fernando Ramos
696

SONHO NA ESPERANÇA

SONHO NA ESPERANÇA

Nenhum pensamento,
Nenhuma dúvida me assalta
Nenhuma réstia de esperança
Me cerca no meu viver

Quando me sinto só e triste
Tão próximo do descontentamento
Não sorriu à natureza
Elevada na noite de orvalhada

Num voo rasante e harmonioso
O brando amanhã me trará
Um novo e rico alento
Na subtil vontade de meu viver

Que matará a sede das flores
À beira de todos os riachos de esperança
Que falta na floresta mais profunda
Da eternidade humana

E em meu peito, já mais desesperará
A dúvida antes assaltada
Do sonho que chega na esperança
Em glória, e não em sua morte

De: Fernando Ramos
695

BEM DE MANSINHO

BEM DE MANSINHO
(soneto)

Caiu a noite, bem de mansinho
Toldando o céu de negrume
Nela surge a lua, devagarinho
Num adeus ao azul que se sume

O dia, depois irá retornar
E os amantes à noite voltarão
Meticulosamente p’ra amar
Sob olhar de estrelas, que brilharão

Será num jardim de belas flores,
Flores que os ateiam de bons feitiços
Esgueirando-se em perfeitos amores

Para as noites bem sorridentes
Onde estrelas não lhes darão sumiços
Nas madrugadas de noites quentes

de: Fernando Ramos
694

maio 06, 2007

DESAMOR DO HOMEM NOVO

DESAMOR DO HOMEM NOVO

Minhas mágoas desapareceram
Quando p’ra mim o sol brilhou
Ele, me ensina como nasceram
Hábitos que a natureza não desprezou

Ela se sente envergonhada
P’lo desamor do homem novo
Que vive na mentira ocultada
Longe do mundo, e do povo

A natureza renova-se dia, a dia
Com sabedoria e inovação
Novas oportunidades cria
Num esforço, que não é em vão

O homem novo, a deve respeitar
P’ra heranças de gerações futuras
Pois a natureza, se tem de amar
Melhorando hábitos e posturas

Ela é sol, e mar da vida
Que Deus nos ofertou
Traz felicidade acrescida
Que o tempo bem semeou

De: Fernando Ramos
693

ESPERANÇA FUGIDA

ESPERANÇA FUGIDA

Ó esperança não fujas
Deste meu sentido vasto
Que na bruma da noite
Me incómoda no leito
Tu que és guarda da solidão
Do meu inóspito peito

Nas madrugadas solitárias
Brandamente lá surge o sono
Vindo de caminhos tumultuosos
Trazendo o mensageiro incolor
Que voará em perfumes preciosos
Distribuído leve odor

E a doce esperança
Que vagueia no ar
Recebida em meu coração
Oferta tanta ilusão
Enchendo-me a alma
De odores de sua razão

Empregnando fidelidade a Deus
Meu rei, e senhor da esperança
Que a todos guarda sem pudor
Na sua boa cristandade
No meio de servos escolhidos
Jurando paz, e liberdade

De: Fernando Ramos
692

maio 04, 2007

JARDIM

JARDIM

No jardim, onde vou
Brilha o sol, p’ra mim
Lá pergunta-se, quem sou
Se sou, uma arvore dali?

No jardim, do meu descanso
Reparo bem no seu verde
O Outono, entrou de manso
E ás flores, matou a sede

No jardim, onde brinquei
Havia meninos, e meninas
Hoje, onde estão, não sei
Serão pessoas finas?

No jardim, do meu passeio
Ouço o vento no seu choro
Agitam-se flores lá no meio
Sua frescura p’ra elas, é ouro

No jardim, onde amei
Num amor longo e profundo
Com essa linda mulher casei
Agora p’ra mim, é um mundo

No jardim do verde trevo
A paz ali, muito me diz
É um oásis onde escrevo
A Deus, um poema feliz

No jardim, das flores graciosas
Tanta poesia eu lá escrevi
Agora beijo, as lindas rosas
Porque já não quero sair dali

De: Fernando Ramos
691

maio 02, 2007

MENINAS SABIDAS

MENINAS SABIDAS

Há por aí, umas meninas
De esperteza e gosto caro
Algumas, são jeitosinhas
Por isso, não lhes falta amparo

São esbeltas, e de frescura
Da beleza se aproveitam
Amam quem lhes dá ternura
E no seu dinheiro se deitam

São espertas, e bem sabidas
E a vida não lhes dá segredos
Tiveram infâncias destruídas
Nada lhes pode causar medos

Mas a frescura vai passando
E algumas meninas tem juízo
Com bons partidos vão casando
P’ra seu futura sem prejuízo

Mas outras... Rara esperteza tem
O tempo p’ra elas, vai voando
Mais tarde, falta o vintém
E p’la miséria vão penando

De: Fernando Ramos
688

MEU CANSAÇO

MEU CANSAÇO

Ficar só, é meu destino
Que se perde no pensamento
Faz-me a vida num tormento
E vai-me tirando alento
Que me mata devagarinho

Nesta minha triste solidão
O dia pode ser mau pedaço
P’la falta de um abraço
Da relação que foi fracasso
Dum amor tido no coração

Mas, procuro sempre a boa luz
Neste meu parco viver
Que na escuridão me fará ver
Como poderei enlouquecer
P’la minha pesada cruz

Este momento que desfaço
P’ra mim terá de findar
Outro amor irei encontrar
E meu coração voltará amar
Para terminar meu cansaço

De: Fernando Ramos
687

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