setembro 27, 2007

SORRIR DE SAUDADE

SORRIR DE SAUDADE

Tenho saudades, de quando estudante
E de algumas moçoilas que namorei
Para quem era, seu cavaleiro andante
De tantos beijos, que lhes surripiei
Como era bonito esses tempos passados
E de quando ia ás praias do mar do sul
Pisar a cristalina areia dos namorados
Fascinando-me, nos lindos tons do céu azul

Tenho saudades, das árvores que subia
Para espreitar o ninho do rouxinol
Que para mim gorjeava em alegre mestria
Ao chegar da noite, e ao fugir do sol
Como era tão feliz por essa altura
Onde p’los quintais apanhava a boa fruta
Era criança, de infância muito dura
Que p’la vida fora moldou a conduta

Tenho saudades, das brincadeiras de rua
E saltar o velho muro da escola
Jogar à bola, até raiar a doida lua
Descalço, porque nos pés não havia sola
Como era bom ser menino, e ter tempo
Que hoje bem recordo em liberdade
Me cai a lágrima por esse puro momento
E de tudo isto, sorriu de saudade

De: Fernando Ramos
771

MEU BOCAGE

MEU BOCAGE

Hoje, num dia bravo de Inverno
Por uma rua do meu bairro
Caminho sobre a calçada
Da minha velha cidade
Em meu pensamento Vai a lembrança
De um livro que me ofertaram
Num natal passado
É uma antologia de Poesias
Do grande Barbosa Du Bocage
Como eu gosto deste danado
Poeta escritor, que andou p’la Índia,
E irreverentemente passou seu tempo
Pela boémia da minha bela cidade
Onde nunca perdia a oportunidade
De expor a sua forma satírica
Sempre numa frase que servia
Venenosamente para atormentar
Os maus espíritos dos bem pensantes
Dessa longínqua época
Como ele adorava moças de mil atributos,
Como gozava à sua maneira
A vida estúpida de preconceitos
Ah grande Bocage, meu
Manuel Maria Barbosa Du Bocage
Como tu escrevias a verdade,
Quando estavas mais pachorrento
Se fosse hoje, até eu te convidava
Para irmos beber umas ginjinhas
Ali pró Rossio, e passarmos
P’la casa do teu amigo Nicola
P’ra atormentares, como só tu sabes,
Os espíritos de agora

de: Fernando Ramos
763

setembro 17, 2007

DOCE PICA

DOCE PICA

Vou andando pela rua
De olhos pregados ao chão
Parece que vou na lua
Mas não vou na lua, não

É que, a vida me faz pensar
No tédio que é ser drogado
Ando sempre de cabeça no ar
Ansioso do ópio amaldiçoado

Mas que poderei fazer
P’ra deixar tal triste tentação
Essa vontade é raro aparecer
Nesta miséria sem solução

Estou na doce pica da desgraça
Penhorando meu futuro
Haverá alguma cura abençoada
P’ra este pobre vagabundo?

Minha morte irá aparecer
De mansinho, ou na agitação
Certamente da droga irei morrer
Bem no meio da multidão

Vou andando pela rua
De olhos pregados ao chão
Parece que vou na lua
Mas não vou na lua, não

De: Fernando Ramos
760

setembro 12, 2007

IDEAIS ESCONDIDOS

IDEAIS ESCONDIDOS
(soneto)

Tantos anos passaram por minha vida
E os ideais se esconderam na solidão
Minha alma torturada andou perdida
Julgando viver num tempo de maldição

Hoje penso nesta triste loucura
Sentindo pena p’lo tempo vencido
Eram anos de minha frescura
Restando apenas, o orgulho ferido

Malditos sejam meus ideais fugidos
Que um dia, por eles não soube lutar
Agora os sinto de novo renascidos

Dentro de mim, para os bem guardar
Onde a mente, não mais os irá largar
E o coração, de novo os saberá escutar

de: Fernando Ramos
757

setembro 03, 2007

REGAÇO DE AMOR

REGAÇO DE AMOR

Bates à porta de meu peito.
E de coração aberto
Te recebo com ansiedade
Donde vens meu amor?
Ouviste o grito
Da minha paixão sofrida
E da saudade que se perde
No silencio das noites
Da minha solidão
Onde imagino o suave rumor
De teus passos
E sinto o subtil sabor quente
De teus beijos

Ah! como foi bom tu chegares
E defronte dum espelho
Ver teu rosto junto do meu
Num aperto, onde nossos olhos
Se banham em desejo harmonioso
Numa apoteose de felicidade

Como é bom beijar teus lábios
Numa sensualidade mundana
Unindo-se a um total prazer
Que enlaça nossos corpos
Na louca ânsia transbordada
Em doce e bela melodia,
Num clarão ardente de amor

Nossas bocas choram
A sede louca
Que devoram beijos em chama
Levando-nos a gemidos
Nos anseios de nossos corpos
Que de amor, vêem e vão
Em paixão infinita

És um sol, chegado do céu
À porta de meu coração
E agora na tua pele perfumada
Guardo tudo de mim,
E adormeço no teu doce
Regaço de amor

De: Fernando Ramos
756

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