maio 29, 2006
PEQUENA PRINCESA
PEQUENA PRINCESA
Como gostava de ser princesa,
calçar sapatinhos de cristal
Viver num castelo com boa mesa,
e receber brinquedos p'lo Natal
Quero brincar agora, que sou menina
e de noite muito sonhar
Engano a fome desde pequenina,
vou levando a vida a trabalhar
Minha idade, é de brincar com bonecas
mas faço casaquinhos muito bonitos
Gostava de beber leite em lindas canecas
e não vender na rua alguns docitos
Não devia sentir a infância perdida,
e ao acordar, ser feliz com a alvorada
Sonhar com o sabor da boa vida,
e não ter a idade adulta penhorada
Adorava ter minha mãe sempre feliz
e comer com meus irmãos pão de centeio
Não passo de uma menina infeliz
cheia de vontade em fugir deste meio
Sou uma criança triste e já adulta
que sofre da ganância que leva ao caos
Queria comer bem, e aprender a ser culta,
não ser explorada por homens maus
Como gostava de brincar apanhada
e de porta em porta não vender soda
Precisava muito de ser amada
e de vestir roupinhas da moda
Era bom poder jogar à bola
e ir ver a praia e o mar
Não devia mais faltar à escola
e da fome, não voltar chorar
Sou filha de um operário Cristão
que finge, que a fome não rói
Sonho com arroz e um pedaço de pão
P'ra enganar meu estômago que dói
Trabalho p'ra miséria não me comer
até sonho com bicicletas de selim já gasto
Nelas vou pedalando a correr
fugindo desta sorte de mau repasto
Levanto-me ao troar das seis em ponto
p’ra mais um dia de pobreza farta
Trabalho de manhã à noite, e já não conto
minhas lágrimas límpidas, cor de prata
Sou uma menina que sonha em ser ave
e voar para o mundo das princesas felizes
Poisar junto de gente, que não sabe
do triste canto das crianças infelizes
de: Fernando Ramos
584
Como gostava de ser princesa,
calçar sapatinhos de cristal
Viver num castelo com boa mesa,
e receber brinquedos p'lo Natal
Quero brincar agora, que sou menina
e de noite muito sonhar
Engano a fome desde pequenina,
vou levando a vida a trabalhar
Minha idade, é de brincar com bonecas
mas faço casaquinhos muito bonitos
Gostava de beber leite em lindas canecas
e não vender na rua alguns docitos
Não devia sentir a infância perdida,
e ao acordar, ser feliz com a alvorada
Sonhar com o sabor da boa vida,
e não ter a idade adulta penhorada
Adorava ter minha mãe sempre feliz
e comer com meus irmãos pão de centeio
Não passo de uma menina infeliz
cheia de vontade em fugir deste meio
Sou uma criança triste e já adulta
que sofre da ganância que leva ao caos
Queria comer bem, e aprender a ser culta,
não ser explorada por homens maus
Como gostava de brincar apanhada
e de porta em porta não vender soda
Precisava muito de ser amada
e de vestir roupinhas da moda
Era bom poder jogar à bola
e ir ver a praia e o mar
Não devia mais faltar à escola
e da fome, não voltar chorar
Sou filha de um operário Cristão
que finge, que a fome não rói
Sonho com arroz e um pedaço de pão
P'ra enganar meu estômago que dói
Trabalho p'ra miséria não me comer
até sonho com bicicletas de selim já gasto
Nelas vou pedalando a correr
fugindo desta sorte de mau repasto
Levanto-me ao troar das seis em ponto
p’ra mais um dia de pobreza farta
Trabalho de manhã à noite, e já não conto
minhas lágrimas límpidas, cor de prata
Sou uma menina que sonha em ser ave
e voar para o mundo das princesas felizes
Poisar junto de gente, que não sabe
do triste canto das crianças infelizes
de: Fernando Ramos
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