abril 22, 2007
A LOUCURA DO HOMEM BRANCO
A LOUCURA DO HOMEM BRANCO – (COROA DE SONETOS)
1
A loucura, do homem Branco
Nos séculos intensos de escravidão
Cometeu actos, que envergonham tanto
Que ao saber-se, provoca emoção
Negros, em tombadilhos eram levados
Nas condições mais miseráveis
Muitos chegavam despedaçados
Os vivos, em estados deploráveis
Ali, dignidade humana não existia
P'ra aqueles pobres infelizes, coitados
Onde seu futuro, em viagens morria
Nem podiam gemer, ou gritar seus ais
Suportados p'los seus corações chorados
Por serem tratados como animais
2
Por serem tratados como animais
E não por simples boa gente
Uns, teriam mortes brutais
Mas p’ro Branco, era indiferente
Nas sanzalas, esperava-lhes o tronco
E vil chibatadas sem fim
Dadas por um feitor bronco
Ordenadas p’lo seu senhor, ruim
Ali, multidões de negros cambaleavam
Dançando, e fugindo da maldita chibata
E, enganando a fome que a vida roubava
Serviam, desbravadores e colonizadores
Que os compravam a negreiros de vida farta
Como bons escravos, e óptimos trabalhadores
3
Como bons escravos, e óptimos trabalhadores
Suportavam em desprezo a fúria do algoz
Que contratava tristes matadores
P’ra lhes dar louca perseguição feroz
Por vezes, algumas fugas sucediam
Procurando os caminhos do quilombo
Capitães do mato os perseguiam
Com o estalar da chibata, em seu lombo
Capturados, iam prós cativeiros
Onde lhes esperava farta tortura
Das vergastadas, seus companheiros
Com tal acto, o Branco, seu senhor
Escrevia o horrível destino da loucura
Por linhas tortas, no livro da imensa dor
4
Por linhas tortas, no livro da imensa dor
Registaram-se actos de total crueldade
Hoje imagina-se como era aterrador
Envergonhando a nossa sociedade
P’ra quem vivia nos cativeiros senhoriais
Nada era mais importante que a liberdade
A fuga eram momentos bem especiais
Prós Pretos guerreiros, e sua irmandade
Com instrumentos de ferro, torturavam
Os pobres infelizes, da pele de outra cor
Que no tronco, carrascos os matavam
Sem dó, nem piedade e razão
Sob as ordens de tão mau senhor
Que era dono, e rei da escravidão
5
Que era dono, e rei da escravidão
E servia panos p’rás mortalhas
Dos Negros desprezados, por sua mão
Que morriam de ódio, nas esteiras de palhas
Seu senhor, tanto desamor distribuía
Por aqueles infelizes de cor diferente
Que suas alforrias não conseguia
Mas chibatadas, recebiam de presente
A raiva crescia, crescia como erva daninha
Em Negras que pariam filhos já cativos
P’ra serem roubados por triste gentinha
E negociados por negreiros manhosos
A outros senhores de corações perdidos
De muito dinheiro, e todos poderosos
6
De muito dinheiro, e todos poderosos
Compravam porões de navios negreiros
Vindos da pátria dos Negros saudosos
Que não voltariam aos seus terreiros
Novos e velhos vinham amontoados
Em estados miseráveis p’rás suas vidas
Chegavam de mares, muito maltratados
Alguns morriam, por causa das feridas
Os mais saudáveis, valiam bom dinheiro
Enchendo o bornal dos comerciantes
Que enriqueciam à conta do cativeiro
Do infeliz Negro, tanto escravizado
Como ele, nunca fora antes
P’ra graça dum futuro arruinado
7
P’ra graça dum futuro arruinado
Nos Engenhos do novo patrão
Onde labutavam sem direitos dado
Recebendo em troca má alimentação
Todos os dias trabalhavam de sol a sol
Comandados p’las chibatadas do feitor
Que não tinha coração mole
E os açoitava sem qualquer pudor
P’ra total vergonha do homem Branco
Que deixava cometer tal crueldade
Nestes infelizes que sofriam tanto
Roubando-lhes pureza, e dignidade
Fazendo-os sofrer, por tal maldade
Elevando-lhes desprezo, e animosidade
8
Elevando-lhes desprezo, e animosidade
Que os fazia, aprender a lutar: A capoeira
Sua arma de esperança e liberdade
Quando fugiam da Sanzala matreira
Onde por vezes a porta não tinha retorno
Por causa de lutas com o capitão do mato
Vencendo, ou morrendo nas mãos do dono
Seu rei e senhor, causador de tão mau trato
E em fuga, nos rios banhavam a dor
Que lhes consumia a alma humana
Lamentando sua sina, e aquele terror
Que em cânticos, bem o descreviam
Nos rituais, da lembrança Africana
Cujo seus corações, nunca esqueciam
9
Cujo seus corações, nunca esqueciam
Chorando nas danças de roda, sua dor
E ao som do batuque, lágrimas vertiam
De volta da fogueira, sob o olhar do feitor
Se ódio a mais, atrapalha corações
Nas Sanzalas, os Negros assim viviam
Guardavam-no, p’ra certas ocasiões
Ofertando ao carrasco, quando podiam
Prós Negros, a tortura era companheira
E também tristeza, sua solidão
Confessada nas noites à lua faceira
Que tudo espiava, com as estrelas coloridas
Olhando em baixo, a chibata sem razão
E as lágrimas das Negras, mantidas cativas
10
E as lágrimas das Negras, mantidas cativas
São pétalas de lindos poemas, que rolam
Nos rostos amargurados de fadigas
P’la perda de filhos, que não as consolam
Seus paradeiros, elas desconheciam
Por negociantes os terem vendidos
A sanzalas, onde outros padeciam
Da loucura dos espíritos de rumos perdidos
Mãe Negra, transportava sua vida tristonha
Onde por vezes de escrava, era amante
Do senhor, que as emprenhava sem vergonha
Destruindo-lhes, a doce e bonita pureza
De sua juventude bela e ofegante
Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza
11
Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza
Aumentando-lhes o desejo de resistir
E num grande acto de bravura e nobreza
Conseguiam por vezes, das fazendas fugir
Daquelas ignóbeis vidas escravizadas
Que eram seus destinos consumados
Fazendo surgir revoltas bem preparadas
Não sendo mais no tronco, flagelados
Acabando a escravidão em alguns lugares
Onde senhores não mais atemorizavam
Vidas que eram tristes e tão irregulares
Dos Negros, que conquistaram liberdade
Aos senhores que os escravizavam
Começando aí, a vitória da igualdade
12
Começando aí, a vitória da igualdade
P’ra homens, e mulheres de Negra cor
Que sofreram más doenças da sociedade
Espalhando miséria, nesse tempo de pavor
E nas orvalhadas gélidas das noites
Havia almas que tremiam de frio
Só de recordarem os estalares dos açoites
Dados por reles feitores, dias a fio
Os espíritos dos seus antepassados
Também bailavam ao som da dor
Do batuque dos Negros castigados
Registando-se nos livros da história
A incrível mão pesada do vil senhor
Gravada com tristeza na nossa memória
13
Gravada com tristeza na nossa memória
Lembrando os açoitados até à morte
Que só queriam ser livres, p’ra sua glória
E voar como pássaros, rumo a nova sorte
Buscando o destino de novos ninhos
Sonhando, sonhando, com a liberdade
Não a conseguindo, os Pretos cativos
Suas alforrias perdidas na adversidade
O Negro era tratado como um animal
Que dos senhores, era sua propriedade
Vendiam, ao trocavam-nos, tudo era legal
P’ra estes esclavagistas de tanto terror
Que tratava o irmão com inferioridade
Como a história descreve, em letras de horror
14
Como a história descreve, em letras de horror
Juntamente com escravizados, da antiguidade
Que eram Brancos, e sofriam da mesma dor
P’lo desrespeito do homem, e da sua bestialidade
Aí, Negros e Brancos viviam em solidões feridas
Perdendo a mística de suas doutrinas
Aprendidas em infâncias, puras e cristalinas
Castradas por maldades então distribuídas
P’los mesmos odiosos que a história fala
Deixando más memórias, que hoje dói
Perturbando-nos a alma, que não se cala
Causando manchas, descobertas de manto
Á vida humana, onde o grande culpa foi
A loucura, do Homem Branco
De: Fernando Ramos
681
1
A loucura, do homem Branco
Nos séculos intensos de escravidão
Cometeu actos, que envergonham tanto
Que ao saber-se, provoca emoção
Negros, em tombadilhos eram levados
Nas condições mais miseráveis
Muitos chegavam despedaçados
Os vivos, em estados deploráveis
Ali, dignidade humana não existia
P'ra aqueles pobres infelizes, coitados
Onde seu futuro, em viagens morria
Nem podiam gemer, ou gritar seus ais
Suportados p'los seus corações chorados
Por serem tratados como animais
2
Por serem tratados como animais
E não por simples boa gente
Uns, teriam mortes brutais
Mas p’ro Branco, era indiferente
Nas sanzalas, esperava-lhes o tronco
E vil chibatadas sem fim
Dadas por um feitor bronco
Ordenadas p’lo seu senhor, ruim
Ali, multidões de negros cambaleavam
Dançando, e fugindo da maldita chibata
E, enganando a fome que a vida roubava
Serviam, desbravadores e colonizadores
Que os compravam a negreiros de vida farta
Como bons escravos, e óptimos trabalhadores
3
Como bons escravos, e óptimos trabalhadores
Suportavam em desprezo a fúria do algoz
Que contratava tristes matadores
P’ra lhes dar louca perseguição feroz
Por vezes, algumas fugas sucediam
Procurando os caminhos do quilombo
Capitães do mato os perseguiam
Com o estalar da chibata, em seu lombo
Capturados, iam prós cativeiros
Onde lhes esperava farta tortura
Das vergastadas, seus companheiros
Com tal acto, o Branco, seu senhor
Escrevia o horrível destino da loucura
Por linhas tortas, no livro da imensa dor
4
Por linhas tortas, no livro da imensa dor
Registaram-se actos de total crueldade
Hoje imagina-se como era aterrador
Envergonhando a nossa sociedade
P’ra quem vivia nos cativeiros senhoriais
Nada era mais importante que a liberdade
A fuga eram momentos bem especiais
Prós Pretos guerreiros, e sua irmandade
Com instrumentos de ferro, torturavam
Os pobres infelizes, da pele de outra cor
Que no tronco, carrascos os matavam
Sem dó, nem piedade e razão
Sob as ordens de tão mau senhor
Que era dono, e rei da escravidão
5
Que era dono, e rei da escravidão
E servia panos p’rás mortalhas
Dos Negros desprezados, por sua mão
Que morriam de ódio, nas esteiras de palhas
Seu senhor, tanto desamor distribuía
Por aqueles infelizes de cor diferente
Que suas alforrias não conseguia
Mas chibatadas, recebiam de presente
A raiva crescia, crescia como erva daninha
Em Negras que pariam filhos já cativos
P’ra serem roubados por triste gentinha
E negociados por negreiros manhosos
A outros senhores de corações perdidos
De muito dinheiro, e todos poderosos
6
De muito dinheiro, e todos poderosos
Compravam porões de navios negreiros
Vindos da pátria dos Negros saudosos
Que não voltariam aos seus terreiros
Novos e velhos vinham amontoados
Em estados miseráveis p’rás suas vidas
Chegavam de mares, muito maltratados
Alguns morriam, por causa das feridas
Os mais saudáveis, valiam bom dinheiro
Enchendo o bornal dos comerciantes
Que enriqueciam à conta do cativeiro
Do infeliz Negro, tanto escravizado
Como ele, nunca fora antes
P’ra graça dum futuro arruinado
7
P’ra graça dum futuro arruinado
Nos Engenhos do novo patrão
Onde labutavam sem direitos dado
Recebendo em troca má alimentação
Todos os dias trabalhavam de sol a sol
Comandados p’las chibatadas do feitor
Que não tinha coração mole
E os açoitava sem qualquer pudor
P’ra total vergonha do homem Branco
Que deixava cometer tal crueldade
Nestes infelizes que sofriam tanto
Roubando-lhes pureza, e dignidade
Fazendo-os sofrer, por tal maldade
Elevando-lhes desprezo, e animosidade
8
Elevando-lhes desprezo, e animosidade
Que os fazia, aprender a lutar: A capoeira
Sua arma de esperança e liberdade
Quando fugiam da Sanzala matreira
Onde por vezes a porta não tinha retorno
Por causa de lutas com o capitão do mato
Vencendo, ou morrendo nas mãos do dono
Seu rei e senhor, causador de tão mau trato
E em fuga, nos rios banhavam a dor
Que lhes consumia a alma humana
Lamentando sua sina, e aquele terror
Que em cânticos, bem o descreviam
Nos rituais, da lembrança Africana
Cujo seus corações, nunca esqueciam
9
Cujo seus corações, nunca esqueciam
Chorando nas danças de roda, sua dor
E ao som do batuque, lágrimas vertiam
De volta da fogueira, sob o olhar do feitor
Se ódio a mais, atrapalha corações
Nas Sanzalas, os Negros assim viviam
Guardavam-no, p’ra certas ocasiões
Ofertando ao carrasco, quando podiam
Prós Negros, a tortura era companheira
E também tristeza, sua solidão
Confessada nas noites à lua faceira
Que tudo espiava, com as estrelas coloridas
Olhando em baixo, a chibata sem razão
E as lágrimas das Negras, mantidas cativas
10
E as lágrimas das Negras, mantidas cativas
São pétalas de lindos poemas, que rolam
Nos rostos amargurados de fadigas
P’la perda de filhos, que não as consolam
Seus paradeiros, elas desconheciam
Por negociantes os terem vendidos
A sanzalas, onde outros padeciam
Da loucura dos espíritos de rumos perdidos
Mãe Negra, transportava sua vida tristonha
Onde por vezes de escrava, era amante
Do senhor, que as emprenhava sem vergonha
Destruindo-lhes, a doce e bonita pureza
De sua juventude bela e ofegante
Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza
11
Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza
Aumentando-lhes o desejo de resistir
E num grande acto de bravura e nobreza
Conseguiam por vezes, das fazendas fugir
Daquelas ignóbeis vidas escravizadas
Que eram seus destinos consumados
Fazendo surgir revoltas bem preparadas
Não sendo mais no tronco, flagelados
Acabando a escravidão em alguns lugares
Onde senhores não mais atemorizavam
Vidas que eram tristes e tão irregulares
Dos Negros, que conquistaram liberdade
Aos senhores que os escravizavam
Começando aí, a vitória da igualdade
12
Começando aí, a vitória da igualdade
P’ra homens, e mulheres de Negra cor
Que sofreram más doenças da sociedade
Espalhando miséria, nesse tempo de pavor
E nas orvalhadas gélidas das noites
Havia almas que tremiam de frio
Só de recordarem os estalares dos açoites
Dados por reles feitores, dias a fio
Os espíritos dos seus antepassados
Também bailavam ao som da dor
Do batuque dos Negros castigados
Registando-se nos livros da história
A incrível mão pesada do vil senhor
Gravada com tristeza na nossa memória
13
Gravada com tristeza na nossa memória
Lembrando os açoitados até à morte
Que só queriam ser livres, p’ra sua glória
E voar como pássaros, rumo a nova sorte
Buscando o destino de novos ninhos
Sonhando, sonhando, com a liberdade
Não a conseguindo, os Pretos cativos
Suas alforrias perdidas na adversidade
O Negro era tratado como um animal
Que dos senhores, era sua propriedade
Vendiam, ao trocavam-nos, tudo era legal
P’ra estes esclavagistas de tanto terror
Que tratava o irmão com inferioridade
Como a história descreve, em letras de horror
14
Como a história descreve, em letras de horror
Juntamente com escravizados, da antiguidade
Que eram Brancos, e sofriam da mesma dor
P’lo desrespeito do homem, e da sua bestialidade
Aí, Negros e Brancos viviam em solidões feridas
Perdendo a mística de suas doutrinas
Aprendidas em infâncias, puras e cristalinas
Castradas por maldades então distribuídas
P’los mesmos odiosos que a história fala
Deixando más memórias, que hoje dói
Perturbando-nos a alma, que não se cala
Causando manchas, descobertas de manto
Á vida humana, onde o grande culpa foi
A loucura, do Homem Branco
De: Fernando Ramos
681
Subscrever Mensagens [Atom]