novembro 01, 2006

SORRISO DANADO

SORRISO DANADO

Num dia lindo, e muito feliz
algumas crianças de pouca idade
Joãozinho, Carolina e o Luís
visitam o Zoológico de sua cidade

Que bonito que é, como felizes eles estão
suas mamãs tratam-lhes do bom farnel
Que entregam ás educadoras dessa ocasião
p’ra no jardim almoçarem, bifinho, ou pastel

Estão alegres e impacientes, estes pequeninos
sente-se as crianças mais felizes do mundo
Como justa é a vida p’ra alguns meninos
de ricos privilégios, e bem estar profundo

Elas sorriem, brincam, e trocam beijinhos
suas educadoras são de mil cuidados
Como é bonito vê-los, junto dos golfinhos
e de outros bichinhos muito bem tratados

Noutro ponto da cidade, vive o Amadeu
criança sem nada, e também de pouca idade
Mora num bairro sujo, e escuro como breu
onde gritos se ouvem de vidas sem saudade

Seus pais, pobres e de trabalho incerto
vivem mal, dos míseros tostões que ganham
Cortam, e cozem solas p’ra um patrão experto
fazendo lindos sapatinhos, que à moda não falham

Este menino, nascido do ventre da desgraça
também labuta, ajudando seus pobres pais
Que de manhã cedinho, o despertam sem graça
oferecendo-lhe trabalho, e poucas coisas mais

Raramente, Amadeu vai na sua escola
tem pena, e quando vai, vai muito feliz
Leva sempre um pãozinho na sua sacola
para quando a fome aperta, seu estômago petiz

Amadeu ajuda, desde que deixou de gatinhar
já é indispensável, no seu trabalho delicado
São mais uns dinheirinhos p'ra seus pais ganhar
e ele feliz, oferece-lhes seu sorriso danado

Sorriso é tão lindo, como das crianças contentes
de vida generosa, e de futuros menos chorados
Onde tudo lhes dão, até brinquedos de presentes
Custando mais, que pão e leite, dos menos felizardos

de: Fernando Ramos
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