maio 06, 2006

À FLOR DA PELE

À FLOR DA PELE

Venho para este quintal
mais uma vez cumprir
meu destino, que me
faz viver à flor da pele
Fumo meu cigarro,
ouvindo o silencio da noite,
olho os arbustos que crescem
desordenadamente em
retorções de dor,
para me oferecerem raízes
que irão nascer numa
noite de lua cheia,
que chegará com a primavera
Sento-me num banco,
e penso na solidão
que me aconchega
nesta noite mágica,
onde vou viver
mais uma vez em fuga
Minha vida está partida
em pedaços incontáveis
Sou mulher de má vida,
que já não sente amor em mim,
e há noite recebo meus clientes
à porta do quintal de minha casa
Levando-os para meu quarto,
onde os violo nas suas loucuras,
de prazeres indefinidos
Entre murmúrios soltam-se
beijos perdidos e sem amor,
mas no final, faço-os voltar sempre,
e sempre ao meu recanto
Para mim resta seu pagamento,
nada mais, e voltar para este quintal,
fumar novo cigarro e esperar
por outro tão infeliz como eu,
à sobra da noite
Sombra que faz parte de uma lista
de outras tantas,
e tantas noites passadas,
que deixaram meu
coração desesperado,
fazendo-me viver sempre, sempre,
e sempre à flor da pele

de: fernando ramos
num.143



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